São Paulo, sábado, 07 de fevereiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

foco

Líder trotskista, carteiro Besancenot funda Partido Anticapitalista na França

CÍNTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS

O NPA, Novo Partido Anticapitalista, estreou ontem na política francesa após a dissolução da LCR (Liga Comunista Revolucionária), movimento trotskista com 40 anos de existência. "Nosso objetivo é mobilizar todas as forças que queiram sair da era do lucro e abrir o caminho para uma sociedade inédita e mais justa", declarou Olivier Besancenot, 34, líder do partido.
Um congresso de três dias em Plaine-Saint-Denis, periferia de Paris, vai lançar as linhas gerais do movimento. De acordo com o NPA, já há 11 mil pedidos de inscrição de militantes de várias tendências na extrema esquerda. A LCR tinha 3.200 filiados.
A proposta do NPA é oferecer uma alternativa à esquerda tradicional francesa, representada principalmente pelo Partido Socialista. Com divisões internas, o PS tem dificuldades de impor uma oposição eficaz ao presidente conservador Nicolas Sarkozy.
As outras formações da esquerda francesa -o PC e o Partido Verde, por exemplo- perdem espaço nas urnas. E o recém-criado Partido de Esquerda tem pouca projeção nacional. "A esquerda institucional não resiste [aos ataques do capitalismo]. Quando ela está no poder, conduz políticas que viram as costas para as aspirações populares", diz o manifesto do partido.
Na eleição presidencial de 2007, a candidata comunista Marie-George Buffet teve apenas 1,93% dos votos. Besancenot, que concorreu à Presidência pela segunda vez, obteve 4,1%. Pesquisas indicam que hoje o potencial de voto em Besancenot é de 15%, mas, quanto à afinidade ideológica dos eleitores com o NPA, o potencial de votos cai para apenas 3%.
Formado em história e ex-carteiro, Besancenot imprime ao seu discurso notas de marxismo e slogans antiglobalização. Ele é presença constante na mídia e em manifestações. A crise econômica aumenta a popularidade do porta-voz do NPA, que defende aumento dos salários, sanções contra empresas que demitem e divisão prioritária dos lucros para os empregados, não os acionistas.
Em entrevista ao "Libération", Besancenot reconheceu que a nova formação tem um forte componente de "utopia". Sobre seu ideal de sociedade ele declarou: "Seria um modelo no qual a maioria decidiria sobre o controle e a apropriação das riquezas. Não falamos apenas de partilhar melhor [as riquezas], mas nos questionamos sobre a questão da propriedade".


Texto Anterior: Eutanásia opõe Poderes na Itália
Próximo Texto: Chávez aperta cerco contra estudantes opositores
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.