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Líder trotskista, carteiro Besancenot funda Partido Anticapitalista na França
CÍNTIA CARDOSO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
O NPA, Novo Partido Anticapitalista, estreou ontem na
política francesa após a dissolução da LCR (Liga Comunista Revolucionária), movimento trotskista com 40 anos
de existência. "Nosso objetivo é mobilizar todas as forças
que queiram sair da era do lucro e abrir o caminho para
uma sociedade inédita e mais
justa", declarou Olivier Besancenot, 34, líder do partido.
Um congresso de três dias
em Plaine-Saint-Denis, periferia de Paris, vai lançar as linhas gerais do movimento.
De acordo com o NPA, já há 11
mil pedidos de inscrição de
militantes de várias tendências na extrema esquerda. A
LCR tinha 3.200 filiados.
A proposta do NPA é oferecer uma alternativa à esquerda tradicional francesa, representada principalmente
pelo Partido Socialista. Com
divisões internas, o PS tem
dificuldades de impor uma
oposição eficaz ao presidente
conservador Nicolas Sarkozy.
As outras formações da esquerda francesa -o PC e o
Partido Verde, por exemplo-
perdem espaço nas urnas. E o
recém-criado Partido de Esquerda tem pouca projeção
nacional. "A esquerda institucional não resiste [aos ataques do capitalismo]. Quando
ela está no poder, conduz políticas que viram as costas para as aspirações populares",
diz o manifesto do partido.
Na eleição presidencial de
2007, a candidata comunista
Marie-George Buffet teve
apenas 1,93% dos votos. Besancenot, que concorreu à
Presidência pela segunda vez,
obteve 4,1%. Pesquisas indicam que hoje o potencial de
voto em Besancenot é de 15%,
mas, quanto à afinidade ideológica dos eleitores com o
NPA, o potencial de votos cai
para apenas 3%.
Formado em história e ex-carteiro, Besancenot imprime ao seu discurso notas de
marxismo e slogans antiglobalização. Ele é presença
constante na mídia e em manifestações. A crise econômica aumenta a popularidade
do porta-voz do NPA, que defende aumento dos salários,
sanções contra empresas que
demitem e divisão prioritária
dos lucros para os empregados, não os acionistas.
Em entrevista ao "Libération", Besancenot reconheceu que a nova formação tem
um forte componente de
"utopia". Sobre seu ideal de
sociedade ele declarou: "Seria
um modelo no qual a maioria
decidiria sobre o controle e a
apropriação das riquezas.
Não falamos apenas de partilhar melhor [as riquezas],
mas nos questionamos sobre
a questão da propriedade".
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