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Chávez aperta cerco contra estudantes opositores
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
A pouco mais de uma semana
do referendo sobre o projeto de
emenda que dará a Hugo Chávez a possibilidade de se candidatar novamente à Presidência
da Venezuela, 15 estudantes
oposicionistas foram detidos
em ações policiais envolvendo
manifestações contra o projeto.
O episódio ocorreu anteontem, na cidade de Maracay (110
km a oeste de Caracas). Segundo relatos da imprensa local,
um grupo de universitários
preparou uma manifestação
chamada de "pijamaço", em
que simulavam estar dormindo
em protesto contra a emenda
da reeleição indefinida, que será votada no próximo dia 15, e
contra o feriado decretado pelo
governador do Estado de Aragua, o chavista Rafael Isea.
Na quarta-feira, dia 4, Isea
decretou feriado estadual em
homenagem ao fracassado golpe de Estado militar liderado
por Chávez em 1992.
O protesto, realizado diante
da sede do governo, foi dispersado por bombas de gás lacrimogêneo pela polícia estadual.
Quinze estudantes foram detidos e liberados horas depois.
Horas depois, Chávez disse
que a atuação da Polícia de Aragua foi "benfeita" e acusou os
estudantes de jogar pedras contras as forças de segurança.
"Falem de mim o que quiserem. O Chávez tonto, permissivo, esse ficou em 2002, 2003",
disse, anteontem à noite.
Em Caracas, na noite de
quarta-feira, a casa do líder universitário Miguel Ponte, da
Unimet (Universidade Metropolitana), foi alvo de uma operação de busca e apreensão. O
estudante, que prestou depoimento, é acusado de ter tentado incendiar um parque florestal durante um recente confronto com a polícia. Quatro
computadores foram levados.
Marcha
Ontem, o Ministério da Justiça autorizou os estudantes
oposicionistas a realizar uma
marcha em Caracas, marcada
para hoje de manhã. O anúncio,
feito em entrevista coletiva pelo ministro Tareck El Aissami,
contou com a presença do ex-líder estudantil e dirigente oposicionista Stálin González.
No final do evento, Chávez ligou para Aissami para cumprimentá-lo pela reunião e chegou
a conversar com González, a
quem desejou "sucesso" na manifestação de hoje.
Segundo o líder estudantil
David Smolansky, 23, desde o
início da campanha, cerca de 70
universitários já foram detidos
durante manifestações, embora ninguém estivesse mais preso ontem. "Trata-se de uma estratégia de diminuir a credibilidade do movimento estudantil", disse à Folha.
Sobre a ligação de Chávez para González, Smolansky, disse
que não viu "nada em particular". "Foi simplesmente para
mostrar o poder centralizador
que ele tem. É preciso "deschavizar" o país. Ele quer ser o centro de tudo, e não cairemos
nessa armadilha. Estamos protestando contra a emenda, não
contra Chávez", disse o estudante de jornalismo da Universidade Católica Andrés Bello.
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