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Cena local move Obama contra China
Objetivo americano de manter superioridade militar no Pacífico também é fator de pressão na relação bilateral
Guinada de Washington no trato com Pequim obedece a cálculos de política interna e é permeada por pressão
pela apreciação do yuan
CLAUDIA ANTUNES
DA SUCURSAL DO RIO
A guinada de 180 graus do governo de Barack Obama em relação à China -e em especial a
decisão de retomar a venda de
armas a Taiwan- obedeceu a
cálculos de política interna e à
percepção em Washington de
que Pequim pode minar a supremacia militar americana na
região do Pacífico.
O democrata vinha sendo
acusado de condescendência
com o país que é o maior credor
dos EUA -mas que também
depende dele para o comércio e
a manutenção do valor de suas
reservas em dólares e títulos
americanos.
"A equipe de Obama parecia
passiva demais em aceitar críticas de um governo que vive numa Cidade Proibida com telhados de vidro", escreveu David
Rothkopf, analista da revista
"Foreign Policy".
Desde a crise financeira,
Washington reforçou a demanda para que Pequim participe
da solução de problemas globais. Flertou com a ideia de um
G2, mas reage mal quando as
posições chinesas não coincidem com as suas.
Acusada de não "cooperar"
na questão do Irã, a China foi
responsabilizada pelo acordo
fraco na conferência do clima
em Copenhague, à qual os EUA
levaram proposta aquém da
responsabilidade de poluidor
histórico. Pequim é instada a
valorizar sua moeda, o yuan,
enquanto o dólar desvalorizado
impulsiona a meta americana
de dobrar as exportações.
Há pouca disponibilidade em
Washington para esperar resultados da diplomacia, diz o
embaixador Charles Freeman,
um dos maiores conhecedores
da China nos EUA.
"A América não está habituada a lidar com centros independentes de poder. Seus políticos
não estão acostumados a formular políticas por meio de
consultas multilaterais", argumenta ele.
Na área militar, as rusgas
crescem desde que a China, em
2009, acusou de espionagem
navios militares americanos
que estavam em sua Zona Econômica Exclusiva. Os EUA, que
não assinaram a Convenção do
Direito do Mar, viram nisso disposição chinesa de assegurar
não interferência em seu entorno imediato.
São crescentes os alertas sobre a modernização militar chinesa, embora o orçamento de
Pequim para a defesa equivalha
a um décimo do americano, para população mais de quatro
vezes maior.
Freeman vê exagero nesse
alarme, mas afirma que programas de armas antinavio e antissatélite, além das operações
chinesas no ciberespaço, são
um desafio para o objetivo
americano de manter superioridade militar.
A estratégia dos EUA é cercar
a China com acordos bilaterais
que lhe garantem aliados e presença militar no Pacífico. Mas
possíveis ramificações políticas
da integração econômica entre
os chineses e os vizinhos são
vistas com desconfiança pelos
americanos.
O novo governo japonês ventilou a ideia de uma Comunidade do Leste da Ásia e, na semana passada, o jornal oficial
"China Daily" destacou resultado de um relatório conjunto
de historiadores chineses e japoneses, em que os últimos reconheceram que a invasão da
China em 1937 foi um "ato de
agressão".
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