São Paulo, domingo, 07 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Potências não confiam em acordo com o Irã

EUA e Alemanha rejeitam declarações otimistas de Teerã e negam avanço em diálogo para troca de urânio

DA REUTERS

Washington e Berlim rejeitaram ontem a ideia de que esteja próximo um acordo em torno da troca de urânio entre o Irã e as potências do P5+1 (China, Rússia, França e Reino Unido, além de EUA e Alemanha).
No decorrer da semana, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, disse que seu país está disposto a enviar o urânio para o exterior, e anteontem o chanceler do Irã, Manouchehr Mottaki, expressou otimismo quanto à proximidade de um acordo.
Mottaki, no entanto, citou precondições inaceitáveis para as potências -a de que a troca de urânio pouco enriquecido iraniano pelo combustível mais enriquecido, adequado para fins medicinais, aconteça de maneira simultânea, e a de que seja o Irã quem defina a quantidade envolvida na operação.
O assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, James Jones, chamou de "confusas" as declarações iranianas -antes das novas exigências de Mottaki, Ahmadinejad dissera não ver problema em esperar "quatro ou cinco meses" para receber o urânio de volta após enviá-lo ao exterior.
Jones disse ainda que cresce o consenso internacional em torno de novas sanções econômicas contra Teerã por causa de seu programa nuclear -que o Ocidente suspeita ter como fim a produção de uma bomba atômica, o que o Irã nega.
"Não sinto que estejamos próximos de um acordo", disse em Ancara (Turquia) o secretário da Defesa americano, Robert Gates. A Turquia foi cogitada durante a semana como uma possibilidade de ser o destino para onde o urânio enviaria o Irã, outro tópico de discórdia. A opção turca é defendida inclusive pelo Brasil, que também foi citado por autoridades iranianas como um possível eixo da operação de troca.
A Alemanha também questionou a possibilidade de troca de urânio e afirmou que o Irã até hoje não conseguiu dissipar o ceticismo acerca de suas intenções nucleares.
Ontem, o chanceler Mottaki disse ter tido uma conversa reservada "muito boa" com o chefe da agência atômica da ONU, Yukiya Amano, durante a 46ª Conferência de Segurança de Munique, espécie de encontro de Davos da geopolítica, que neste ano discute o programa nuclear iraniano.
Mas Amano não demonstrou o mesmo otimismo. Ele disse que a conversa com Mottaki serviu apenas para "compartilhar impressões" e afirmou que o Irã não apresentou nenhuma proposta acerca de uma eventual troca de urânio.


Texto Anterior: Entrevista: "Pequim quer ver cumprido pacto de 1982"
Próximo Texto: Polícia iraniana alerta contra novos protestos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.