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entrevista
País precisa de reforma política, diz analista
DE GENEBRA
Mais do que se equilibrar
entre Rússia e União Europeia, o próximo presidente
da Ucrânia precisará lançar
urgentemente uma reforma
política que corrija a ambiguidade institucional no governo do país, afirma Pavol
Demes, diretor do German
Marshall Fund em Bratislava
e supervisor do programa do
instituto para Europa Central e do Leste.
(LC)
FOLHA - A Ucrânia vai ficar mais
próxima da Rússia do que sob
Viktor Yushchenko?
PAVOL DEMES - Sim, mas é como dizer que sob [Barack]
Obama os EUA estão mais
próximos da Rússia que sob
George W. Bush. Qual o problema se a Ucrânia quer desenvolver laços melhores
com a Rússia, depois que
Yushchenko arruinou as relações com todo o mundo?
FOLHA - Houve tensão com a
possibilidade de a Ucrânia se unir
à União Europeia e à Otan.
DEMES - São projetos irrealistas. Para a Ucrânia, no momento, é muito melhor desenvolver relações melhores
tanto com a UE como com a
Rússia. A Otan não é uma
questão agora, pois a população é contra. A chave para a
Ucrânia é econômica, pois
todos esses problemas políticos domésticos nos últimos
anos levaram o país a graves
problemas econômicos, e
é por isso que a Rússia é importante. Não é uma questão
filosófica, é pragmática.
FOLHA - Que rumo essa parceria
tomaria?
DEMES - A economia ucraniana e a russa são interdependentes em energia e agricultura, e a chave é desenvolver laços que não permitam à
Rússia dominar a economia.
É preciso tratar as coisas como questões de mercado. A
Ucrânia deveria pagar pelas
commodities russas o mesmo preço que os demais, para não ser pressionada depois a fazer isso ou aquilo por
conta do preço subsidiado.
FOLHA - O sr. diz que o país está
politicamente mais maduro,
mas, ao mesmo tempo, os resultados da Revolução Laranja se esfacelaram.
DEMES - Eu concordo. Acho
que a população esperava
que a Revolução Laranja
trouxesse uma cultura política diferente, que a corrupção
diminuísse, que o Judiciário
melhorasse, e isso não aconteceu. Em segundo lugar, esperava que os políticos fossem ficar menos polarizados,
e isso também acabou não se
materializando.
FOLHA - Yushchenko é o culpado ou é um problema mais amplo
da classe política?
DEMES - Yushchenko fracassou como presidente, mas eu
acho que a culpa também é
do sistema político na Ucrânia. Todo mundo concorda
que eles precisam de uma reforma constitucional. A divisão de poderes não é clara. E
a relação entre poderes econômicos e políticos também
é confusa.
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