São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Acuado por Hillary, estrategista-chefe pede demissão

Na sexta, vazou encontro de Mark Penn com embaixadora da Colômbia para aprovar acordo comercial a que senadora diz se opor

DA REDAÇÃO

O estrategista-chefe da campanha de Hillary Clinton, Mark Penn, pediu demissão ontem à noite, pressionado pela própria pré-candidata. Na sexta-feira foi revelado que ele se encontrou com a embaixadora da Colômbia para discutir o TLC (Tratado de Livre Comércio) entre aquele país e os EUA. A pré-candidata é publicamente contra o acordo.
"Depois dos eventos dos últimos dias, Mark Penn pediu para deixar o cargo de estrategista-chefe da campanha de Hillary", disse, num comunicado, Maggie Williams, coordenadora da campanha da democrata.
"A senadora Clinton ficou desapontada que os encontros com os colombianos tenham acontecido", disse um membro de sua campanha sob condição de anonimato. "Ao longo do fim de semana, Penn reconheceu que deveria sair."
O "Wall Street Journal" divulgou que Penn, também executivo-chefe da empresa de lobby Burson-Marsteller, havia se encontrado com a embaixadora da Colômbia em Washington, Carolina Barco, em 31 de março, para traçar a estratégia de como convencer deputados americanos a aprovar o TLC.
Penn afirmou reconhecer o erro e pediu desculpas na própria sexta-feira. No dia seguinte, a Colômbia rompeu o contrato com a Burson-Marsteller, pelo qual pagou US$ 300 mil.
A senadora, assim como muitos democratas, diz-se contra o TLC com a Colômbia por acreditar que ele seja injusto com os trabalhadores americanos. Muitos sindicatos no país são contrários ao TLC, e apoiá-lo significaria perda de votos. Vários sindicalistas já haviam pedido a saída de Penn, que ocorre duas semanas antes das primárias da Pensilvânia, na série final de disputas para a nomeação do candidato democrata.
Penn, que trabalha com o casal Bill e Hillary Clinton há mais de dez anos, é acusado de ser o responsável por colocar a senadora atrás de Barack Obama na corrida.

Ainda na ativa
Williams deixou claro que a empresa de Penn -a Penn, Schoen & Berland Associados- seguirá aconselhando a senadora. O pesquisador Geoff Garin e o diretor de comunicação Howard Wolfson serão os responsáveis para que "a campanha continue".
A maioria dos membros da campanha de Hillary não gosta de Penn por sua fama de se autopromover em demasia e por ele nunca ter afrouxado os laços com a Burson-Marsteller.
Entre outros clientes de Penn estão a Countrywide Financial, a maior empresa dos EUA de concessão de crédito imobiliário, um ramo que Hillary já criticou. A Burson-Marsteller também deu conselhos à Blackwater, a empresa de segurança privada que é investigada pelo governo americano por matar civis no Iraque.


Com "The New York Times" e agências internacionais


Texto Anterior: Candidatos atacam seus financiadores
Próximo Texto: Sucessores definirão o escudo antimísseis
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.