|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Brown marca para próximo mês eleição no Reino Unido
Premiê aparece em 2º lugar nas pesquisas, mas distância para o líder tem diminuído
Pela primeira vez na história do país europeu, estão programados três debates televisivos envolvendo os principais concorrentes
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
O premiê britânico, Gordon
Brown, cumpriu o esperado e
marcou ontem as eleições para
o Parlamento em 6 de maio,
mesma data das eleições locais.
Com o anúncio, o líder trabalhista tem agora um mês de
campanha intensiva para reverter a vantagem de seu adversário conservador, David Cameron, e se manter no cargo
que ocupa desde 2007 e que seu
partido detém há 13 anos.
Recentemente Brown surpreendeu ao se aproximar de
Cameron, até o início do ano
visto como o próximo premiê.
A vantagem que já beirou 20
pontos hoje varia entre 4 e 10
nas principais sondagens.
O desempenho de Brown na
retomada da economia britânica após a crise global, que começou aos tropeços mas avança de forma minimamente sustentável, lhe servirá como trunfo na campanha.
Outra plataforma, que bate
de frente com os adversários
mas ganhou eco entre a população, é a manutenção do Estado
grande, vista com bons olhos
numa Europa pós-crise na qual
os serviços sociais serviram de
rede de proteção ante um desemprego crescente.
Brown, um ex-ministro das
Finanças, tem batido na tecla
do "em time que está ganhando
não se mexe". Caso os eleitores
concordem, será a primeira vez
na história que o Partido Trabalhista emendará quatro
mandatos -por ora, eles contam dois e meio com Tony Blair
e meio com Brown.
A tarefa, contudo, não será
fácil. Menos pela política em si
-a margem de manobra para
os conservadores implementarem mudanças de fato no país é
pequena- do que pelo formato
inédito que terá a campanha.
Pela primeira vez estão programados três debates televisivos entre os principais candidatos -Brown, Cameron e
Nick Clegg, líder dos Liberais
Democratas (terceira força política do país e cobiçada no caso
raro, mas já não improvável, de
uma coalizão).
Os embates, o primeiro deles
no dia 15, dão vantagem a Cameron, dotado de mais carisma
e melhor oratória, apesar das
gafes eventuais. Ontem, em seu
primeiro discurso após a convocatória, foi direto: o eleitorado "não precisa aguentar mais
cinco anos de Brown".
Vendendo-se como a cara do
novo conservadorismo, que
quer "reduzir o Estado sem esquecer o social", prometeu defender os "ignorados". No front
externo, o tom é mais nacionalista, com alguma distância dos
EUA e marcadamente eurocético, embora prometa não deixar o Tratado de Lisboa.
Estão em disputa 650 cadeiras no Parlamento. Para govenar, são necessárias 326 (hoje a
maioria trabalhista é de 48 assentos). Dando início ao processo, Brown pediu ontem à
rainha Elizabeth 2ª que dissolva o Parlamento, algo que será
formalizado na segunda-feira.
Texto Anterior: Análise: Sinal é positivo, com "pegadinha" Próximo Texto: Corte sul-africana ouve ecos do apartheid Índice
|