São Paulo, quarta-feira, 07 de abril de 2010

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Brown marca para próximo mês eleição no Reino Unido

Premiê aparece em 2º lugar nas pesquisas, mas distância para o líder tem diminuído

Pela primeira vez na história do país europeu, estão programados três debates televisivos envolvendo os principais concorrentes


LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

O premiê britânico, Gordon Brown, cumpriu o esperado e marcou ontem as eleições para o Parlamento em 6 de maio, mesma data das eleições locais. Com o anúncio, o líder trabalhista tem agora um mês de campanha intensiva para reverter a vantagem de seu adversário conservador, David Cameron, e se manter no cargo que ocupa desde 2007 e que seu partido detém há 13 anos.
Recentemente Brown surpreendeu ao se aproximar de Cameron, até o início do ano visto como o próximo premiê. A vantagem que já beirou 20 pontos hoje varia entre 4 e 10 nas principais sondagens.
O desempenho de Brown na retomada da economia britânica após a crise global, que começou aos tropeços mas avança de forma minimamente sustentável, lhe servirá como trunfo na campanha.
Outra plataforma, que bate de frente com os adversários mas ganhou eco entre a população, é a manutenção do Estado grande, vista com bons olhos numa Europa pós-crise na qual os serviços sociais serviram de rede de proteção ante um desemprego crescente.
Brown, um ex-ministro das Finanças, tem batido na tecla do "em time que está ganhando não se mexe". Caso os eleitores concordem, será a primeira vez na história que o Partido Trabalhista emendará quatro mandatos -por ora, eles contam dois e meio com Tony Blair e meio com Brown.
A tarefa, contudo, não será fácil. Menos pela política em si -a margem de manobra para os conservadores implementarem mudanças de fato no país é pequena- do que pelo formato inédito que terá a campanha.
Pela primeira vez estão programados três debates televisivos entre os principais candidatos -Brown, Cameron e Nick Clegg, líder dos Liberais Democratas (terceira força política do país e cobiçada no caso raro, mas já não improvável, de uma coalizão).
Os embates, o primeiro deles no dia 15, dão vantagem a Cameron, dotado de mais carisma e melhor oratória, apesar das gafes eventuais. Ontem, em seu primeiro discurso após a convocatória, foi direto: o eleitorado "não precisa aguentar mais cinco anos de Brown".
Vendendo-se como a cara do novo conservadorismo, que quer "reduzir o Estado sem esquecer o social", prometeu defender os "ignorados". No front externo, o tom é mais nacionalista, com alguma distância dos EUA e marcadamente eurocético, embora prometa não deixar o Tratado de Lisboa.
Estão em disputa 650 cadeiras no Parlamento. Para govenar, são necessárias 326 (hoje a maioria trabalhista é de 48 assentos). Dando início ao processo, Brown pediu ontem à rainha Elizabeth 2ª que dissolva o Parlamento, algo que será formalizado na segunda-feira.


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