São Paulo, terça-feira, 07 de maio de 2002

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AMÉRICAS

No discurso "Além do Eixo do Mal", subsecretário de Estado diz que cubanos transferem tecnologia para países inimigos

Cuba desenvolve arma biológica, dizem EUA

DA REDAÇÃO

O governo americano acusou ontem Cuba de desenvolver armas biológicas e de transferir sua tecnologia para países hostis aos EUA. A acusação foi feita pelo subsecretário de Estado John Bolton. Essa é a primeira vez que os EUA levantam a hipótese de que Cuba está desenvolvendo armas de destruição em massa.
"Os EUA acreditam que Cuba dispõe de pelo menos um programa limitado de investigação e desenvolvimento de armas biológicas ofensivas. Cuba forneceu biotecnologia de duplo uso -civil e militar- a Estados fora-da-lei suspeitos de apoiar o terrorismo", disse Bolton, em um discurso intitulado "Além do Eixo do Mal", proferido na Fundação Heritage, em Washington.
Bolton afirmou que, além de Iraque, Irã e Coréia do Norte -chamados de "eixo do mal" pelo presidente George W. Bush-, outros "países fora-da-lei estão desenvolvendo armas de destruição em massa". Além de Cuba, o subsecretário citou Líbia e Síria.
Ele não mencionou os países aos quais supostamente Cuba estaria fornecendo biotecnologia, mas afirmou que, no ano passado, o ditador Fidel Castro visitou Irã, Síria e Líbia, todos membros, assim como Cuba, da lista do Departamento de Estado de países que apóiam o terrorismo internacional. As afirmações ampliam os argumentos do governo americano para manter Cuba na lista.
Cuba mantém há quatro décadas uma desenvolvida e sofisticada indústria biomédica, cujas instalações poderiam estar sendo usadas também para atividades suspeitas, segundo Bolton.
Um funcionário do governo americano afirmou que os serviços de inteligência dos EUA já tinham há algum tempo informações sobre supostos programas de desenvolvimento de armas biológicas por Cuba, mas vinham analisando-as com cuidado, por temor de que suas fontes pudessem estar comprometidas.
Segundo esse funcionário, que pediu para não ser identificado, Bolton acreditou que a informação era muito importante para não ser tornada pública.
"A América está determinada a prevenir a nova onda de terror", disse Bolton durante seu discurso. "Estados que financiam o terror e buscam armas de destruição em massa devem parar", afirmou. "Os Estados que renunciarem ao terror e abandonarem as armas de destruição em massa podem receber nossa ajuda. Mas aqueles que não o fizerem podem esperar se tornar nosso alvo", afirmou.
Ele não fez nenhum comentário específico sobre possíveis ações militares americanas contra os países acusados, afirmando que os EUA se concentrarão em expor violações a convenções internacionais e em trabalhar com outros países para interromper a proliferação de armas desse tipo.


Com agências internacionais

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