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Bagdá já contabiliza 6.000 mortos no ano
Levantamento mostra recorde de baixas civis desde ocupação; premiê anuncia libertação de presos
DA REDAÇÃO
Do início deste ano até o final
de maio, os corpos de cerca de
6.000 pessoas -a maioria morta violentamente- chegaram
ao principal necrotério de Bagdá. Os dados mostram, além de
um aumento em relação aos
anos anteriores da ocupação
americana, iniciada em março
de 2003, o crescimento das baixas a cada mês.
Só em maio, foram recebidos
1.398 corpos, uma média de 45
por dia -a grande maioria era
de civis que foram vítimas da
disputa entre árabes sunitas e
árabes xiitas. Mas observadores internacionais crêem que o
número de mortos seja bem
maior, já que muitos corpos
não chegam ao necrotério ou
não são encontrados.
Os dados, do Ministério da
Saúde iraquiano, foram obtidos
pela rede britânica BBC e confirmados por oficiais, sob anonimato. O governo teme que a
divulgação dos números acirre
a tensão no país.
Segundo a organização independente britânica Iraq Body
Count, desde a invasão do Iraque pelas forças militares americanas entre 38.254 e 42.646
iraquianos morreram em atentados, ataques de insurgentes,
confrontos com a coalizão liderada pelos EUA ou ações desta.
No mesmo período, 2.478 soldados americanos perderam
suas vidas, de acordo com o
Iraq Index, compilação feita
pelo centro de estudos Brookings Institution, dos EUA.
Os números da Iraq Body
Count apontam que, no primeiro ano da invasão, 20 iraquianos morreram, em média,
por dia em Bagdá. No segundo,
foram 31. Já no terceiro ano da
ocupação -de março de 2005
ao mesmo mês deste ano-, a
média diária passou a 36.
Ontem, pelo menos 15 pessoas morreram em atentados
na cidade. No pior deles, cinco
pessoas foram mortas pela explosão de um carro-bomba junto a uma tenda onde ocorria um
funeral. Também ontem a polícia iraquiana encontrou, na região de Baquba (nordeste do
país), nove cabeças em caixas
de papelão. No último sábado,
outras oito já haviam sido descobertas na mesma área. Baquba fica numa região mista, em
que os ataques contra civis se
tornaram freqüentes.
Libertação
O primeiro-ministro do Iraque, Nuri al Maliki, anunciou
ontem que planeja libertar
2.500 prisioneiros, num gesto
de "reconciliação nacional". Segundo oficiais iraquianos, a
maioria dos beneficiados são
árabes sunitas. Quinhentos devem ser soltos ainda hoje.
O anúncio ocorre em meio a
boatos de desavenças no interior da aliança árabe-xiita que
controla o governo. Integrantes do grupo estariam boicotando as tentativas de nomear
os ministros da Defesa e do Interior, apostando que Maliki
não durará muito no poder. O
premiê espera, com a decisão,
conter a insurgência no país,
que cresceu desde a sua posse,
há pouco mais de um mês.
Mas Maliki afirmou que colaboradores do regime de Saddam Hussein (1979-2003) não
serão beneficiados, tampouco
"terroristas ou quem tenha
sangue iraquiano nas mãos".
Troca de guarda
As forças dos EUA anunciaram ontem que uma divisão do
Exército iraquiano passou a ser
responsável pela patrulha de
parte da conturbada Província
de Anbar. É a primeira transferência da segurança para os iraquianos no centro da insurgência árabe-sunita. Desde 2003 a
área é palco freqüente de ataques contra as forças dos EUA.
Com agências internacionais
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