Campanha do arquiteto Mir Hossein Mousavi é focada em jovens, que desconhecem sua gestão como premiê nos anos 80

Lembrado como socialista, opositor se descreve como intelectual reservado; já Ahmadinejad se propõe um carismático homem do povo

DE PEQUIM

Apesar de veterano da política iraniana, Mir Hossein Mousavi virou novidade na campanha porque passou os últimos 20 anos longe da vida pública.
Arquiteto e artista plástico, foi primeiro-ministro entre 1980 e 89, gestão desconhecida para a maior parte dos jovens iranianos -70% da população do país tem menos de 30 anos.
O apoio do ex-presidente reformista Mohammad Khatami (1997-2005) é uma das credenciais de Mousavi para prometer mudanças. Mas a campanha foi ainda rica em gestos. Mousavi, que visa jovens e mulheres, grupos que mais querem relaxamento dos costumes, levou a mulher a todos os comícios.
Zahra Rahnavard foi a primeira mulher a exercer o cargo de reitora no Irã, quando dirigiu a Universidade Al Zahra, de Teerã. Ela perdeu o cargo assim que Ahmadinejad assumiu.
Mousavi e Zahra ficaram de mãos dadas nos comícios - é a primeira vez que uma "primeira-dama" aparece em campanha no país, e andar de mãos dadas é desaprovado pelos mais conservadores.
Zahra até discursou pedindo mais "igualdade às mulheres". Ela usa lenços coloridos para cobrir o cabelo, enquanto a mulher de Ahmadinejad está sempre coberta com chador preto.

Racionamento
O governo do reformista coincidiu com a guerra contra o Iraque de Saddam Hussein.
Os mais velhos o recordam por sua gestão "socialista" -estatização e nacionalização de grandes empresas, tabelamento de preços, distribuição de alimentos e racionamento-, que lhe valeu fama de impedir que o país passasse fome na guerra.
O oposto da gestão de Ahmadinejad, que passou três anos de seu governo com o preço do petróleo nas alturas e pôde gastar generosamente em grandes obras de infraestrutura e até distribuir dinheiro e empréstimos em comícios no interior do país, onde é mais popular.
Desde que deixou de ser prefeito de Teerã para virar presidente, o engenheiro Ahmadinejad manteve o visual de roupas extremamente simples e o discurso de "homem do povo".
Já Mousavi, que se descreve como "intelectual", não disfarça seu mal-estar com multidões e não gosta de ser fotografado -por ter vergonha de seu nariz muito grande, segundo os mais chegados. (RAUL JUSTE LORES)


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