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Avião do ditador do Paquistão é alvejado; mesquita segue ocupada
General Musharraf sai ileso do atentado; EUA renovam apoio ao seu regime
DA REDAÇÃO
Desconhecidos armados de
metralhadoras dispararam ontem contra o avião do ditador
do Paquistão, Pervez Musharraf, quando ele e auxiliares decolavam de uma base militar
próxima à capital com destino à
cidade de Turbat. O vôo não
chegou a ser interrompido, e
não há informações sobre
eventuais danos à aeronave.
O governo paquistanês mantém discrição quanto ao incidente. O Ministério do Interior
não chegou a fazer uma conexão entre os disparos e o prosseguimento do cerco a uma
mesquita ocupada desde terça-feira por um grupo simpatizante da Al Qaeda.
Ainda ontem uma bicicleta-bomba explodiu durante a passagem de um comboio militar,
200 km a noroeste de Islamabad, matando quatro soldados.
Esse conjunto de episódios
reforça a impressão de fragilidade do regime de Musharraf,
um aliado dos EUA na guerra
ao terrorismo, porque seu país
tem uma longa fronteira com o
Afeganistão, em região onde
poderia um dia ser capturado
Osama bin Laden.
Em Washington, o Departamento de Estado voltou a
apoiar Musharraf, que, segundo o porta-voz, Tom Casey,
"combate com firmeza os extremistas para construir um
Estado islâmico moderado".
Musharraf decolou pela manhã da base aérea de Chaklata,
localizada ao lado do aeroporto
de Islamabad. Os disparos contra seu avião foram relatados
por testemunhas.
A polícia descobriu que os
responsáveis ocupavam o terraço de uma casa de dois andares, localizada bem próxima à
cabeceira da pista. O proprietário do imóvel, preso para interrogatório, disse que as chaves
estavam com um casal que havia fechado um contrato de aluguel no último fim de semana.
O local foi imediatamente
cercado, e foram encontradas
duas metralhadoras AK-47 e
uma peça de artilharia antiaérea, esta última montada sobre
um tripé. As armas eram pouco
visíveis dos helicópteros que
rastreavam as imediações da
pista, antes da decolagem do ditador, porque estavam escondidas por uma caixa d'água e por
uma antena parabólica.
Policiais disseram que só
uma das metralhadoras havia
sido usada. Teriam sido disparados ao todo 20 projéteis.
Esta terá sido a quarta tentativa de assassinato de Musharraf, diz a Associated Press. Ele é
um dos alvos preferenciais de
grupos islâmicos que se opõem
à sua aliança com Washington.
Mesquita Vermelha
A chamada Mesquita Vermelha continua em poder de um
número desconhecido de jovens armados, possivelmente
uma centena. Nos primeiros
confrontos, nesta semana, 19
deles foram mortos.
O clérigo que lidera o grupo,
Abdul Rashid Ghazi, rejeitou o
apelo à rendição incondicional
e disse que todos estão dispostos "a entregar a vida em martírio", caso os blindados da polícia e os helicópteros mobilizados partam para uma ofensiva
final.
A mesquita está sem água,
gás ou eletricidade. O governo
exige que os ocupantes a deixem sem impor condições.
O grupo radical se articulou
em janeiro para exigir um regime islâmico que adote o mesmo modelo que até o final de
2001 vigorou no Afeganistão do
grupo Taleban.
Com agências internacionais
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