São Paulo, sábado, 07 de julho de 2007

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Avião do ditador do Paquistão é alvejado; mesquita segue ocupada

General Musharraf sai ileso do atentado; EUA renovam apoio ao seu regime

DA REDAÇÃO

Desconhecidos armados de metralhadoras dispararam ontem contra o avião do ditador do Paquistão, Pervez Musharraf, quando ele e auxiliares decolavam de uma base militar próxima à capital com destino à cidade de Turbat. O vôo não chegou a ser interrompido, e não há informações sobre eventuais danos à aeronave.
O governo paquistanês mantém discrição quanto ao incidente. O Ministério do Interior não chegou a fazer uma conexão entre os disparos e o prosseguimento do cerco a uma mesquita ocupada desde terça-feira por um grupo simpatizante da Al Qaeda.
Ainda ontem uma bicicleta-bomba explodiu durante a passagem de um comboio militar, 200 km a noroeste de Islamabad, matando quatro soldados.
Esse conjunto de episódios reforça a impressão de fragilidade do regime de Musharraf, um aliado dos EUA na guerra ao terrorismo, porque seu país tem uma longa fronteira com o Afeganistão, em região onde poderia um dia ser capturado Osama bin Laden.
Em Washington, o Departamento de Estado voltou a apoiar Musharraf, que, segundo o porta-voz, Tom Casey, "combate com firmeza os extremistas para construir um Estado islâmico moderado".
Musharraf decolou pela manhã da base aérea de Chaklata, localizada ao lado do aeroporto de Islamabad. Os disparos contra seu avião foram relatados por testemunhas.
A polícia descobriu que os responsáveis ocupavam o terraço de uma casa de dois andares, localizada bem próxima à cabeceira da pista. O proprietário do imóvel, preso para interrogatório, disse que as chaves estavam com um casal que havia fechado um contrato de aluguel no último fim de semana.
O local foi imediatamente cercado, e foram encontradas duas metralhadoras AK-47 e uma peça de artilharia antiaérea, esta última montada sobre um tripé. As armas eram pouco visíveis dos helicópteros que rastreavam as imediações da pista, antes da decolagem do ditador, porque estavam escondidas por uma caixa d'água e por uma antena parabólica.
Policiais disseram que só uma das metralhadoras havia sido usada. Teriam sido disparados ao todo 20 projéteis.
Esta terá sido a quarta tentativa de assassinato de Musharraf, diz a Associated Press. Ele é um dos alvos preferenciais de grupos islâmicos que se opõem à sua aliança com Washington.

Mesquita Vermelha
A chamada Mesquita Vermelha continua em poder de um número desconhecido de jovens armados, possivelmente uma centena. Nos primeiros confrontos, nesta semana, 19 deles foram mortos.
O clérigo que lidera o grupo, Abdul Rashid Ghazi, rejeitou o apelo à rendição incondicional e disse que todos estão dispostos "a entregar a vida em martírio", caso os blindados da polícia e os helicópteros mobilizados partam para uma ofensiva final.
A mesquita está sem água, gás ou eletricidade. O governo exige que os ocupantes a deixem sem impor condições.
O grupo radical se articulou em janeiro para exigir um regime islâmico que adote o mesmo modelo que até o final de 2001 vigorou no Afeganistão do grupo Taleban.


Com agências internacionais


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