São Paulo, terça-feira, 07 de julho de 2009

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EUA condenam violência em Honduras

Presidente deposto Manuel Zelaya terá encontro hoje com Hillary, que se recusou a receber representantes de governo interino Protestos de anteontem contra governo golpista deixaram dois mortos; Washington ainda não decidiu sobre corte de ajuda

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TEGUCIGALPA

Os EUA condenaram ontem a violência nos protestos que antecederam a tentativa de regresso do presidente deposto Manuel Zelaya a Honduras. A secretária de Estado, Hillary Clinton, vai se encontrar com Zelaya hoje em Washington, anunciou o hondurenho.
O porta-voz do Departamento de Estado, Ian Kelly, fez ontem uma declaração de repúdio à onda de violência em Honduras. "Nós condenamos o uso da força contra manifestantes em Tegucigalpa nos últimos dias e mais uma vez apelamos para que o governo interino e todos os atores políticos e sociais envolvidos em Honduras parem com os atos de violência", disse.
O porta-voz afirma que os Estados Unidos são a favor de uma solução pacífica, constitucional e duradoura por meio do diálogo. Kelly também afirmou que a restauração da democracia em Honduras significa o retorno de Zelaya.
A crise no país começou no dia 28, quando Zelaya foi deposto por militares no dia em que pretendia promover uma consulta popular sobre uma Assembleia Constituinte que a Justiça e o Congresso hondurenhos haviam declarado ilegal.
Enquanto o governo americano acena com uma aproximação com o presidente deposto, representantes do governo interino planejavam uma viagem a Washington para conversar com a OEA (Organização dos Estados Americanos), que anunciou na madrugada de domingo a suspensão do país e incentivou os países-membros a reverem relações de colaboração com Honduras, o terceiro país mais pobre da região, atrás apenas do Haiti e da Nicarágua.
A suspensão dificultará o acesso de Honduras a empréstimos de organismos como Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento. Os representantes do governo interino planejavam um encontro com Hillary, mas o Departamento de Estado disse que eles não seriam recebidos pois os EUA não reconhecem o governo atual como legítimo.
Na semana passada, os EUA haviam anunciado para ontem a decisão de se manteriam ou não os programas de auxílio para Honduras. Kelly afirmou ontem que o país ainda não está disposto a tomar uma decisão enquanto iniciativas diplomáticas estão em andamento.

Dia mais calmo
O governo hondurenho confirmou ontem a segunda morte durante o confronto entre manifestantes e forças de segurança no domingo. Apenas um morto foi identificado: o jovem Isy Obed, 19, atingido com um disparo na cabeça.
Depois da tensão vivida no domingo, Honduras viveu um dia mais calmo. Em número bem menor do que na véspera, algumas centenas de simpatizantes pró-Zelaya protestaram ontem nas imediações da Casa Presidencial.
O governo interino fechou ontem o aeroporto internacional por 48 horas, alegando razões de segurança. Já o toque de recolher, que já dura nove dias, começaria ontem às 22h, com término às 5h. Anteontem, por causa dos confrontos, havia sido antecipado para as 19h.
Hoje, o governo interino está convocando manifestações em todas as cidades do país, exortando seus simpatizantes a se vestirem de branco.


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