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EUA condenam violência em Honduras
Presidente deposto Manuel Zelaya terá encontro hoje com Hillary, que se recusou a receber representantes de governo interino
Protestos de anteontem contra governo golpista deixaram dois mortos; Washington ainda não decidiu sobre corte de ajuda
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TEGUCIGALPA
Os EUA condenaram ontem
a violência nos protestos que
antecederam a tentativa de regresso do presidente deposto
Manuel Zelaya a Honduras. A
secretária de Estado, Hillary
Clinton, vai se encontrar com
Zelaya hoje em Washington,
anunciou o hondurenho.
O porta-voz do Departamento de Estado, Ian Kelly, fez ontem uma declaração de repúdio
à onda de violência em Honduras. "Nós condenamos o uso da
força contra manifestantes em
Tegucigalpa nos últimos dias e
mais uma vez apelamos para
que o governo interino e todos
os atores políticos e sociais envolvidos em Honduras parem
com os atos de violência", disse.
O porta-voz afirma que os
Estados Unidos são a favor de
uma solução pacífica, constitucional e duradoura por meio do
diálogo. Kelly também afirmou
que a restauração da democracia em Honduras significa o retorno de Zelaya.
A crise no país começou no
dia 28, quando Zelaya foi deposto por militares no dia em
que pretendia promover uma
consulta popular sobre uma
Assembleia Constituinte que a
Justiça e o Congresso hondurenhos haviam declarado ilegal.
Enquanto o governo americano acena com uma aproximação com o presidente deposto, representantes do governo
interino planejavam uma viagem a Washington para conversar com a OEA (Organização dos Estados Americanos),
que anunciou na madrugada de
domingo a suspensão do país e
incentivou os países-membros
a reverem relações de colaboração com Honduras, o terceiro
país mais pobre da região, atrás
apenas do Haiti e da Nicarágua.
A suspensão dificultará o
acesso de Honduras a empréstimos de organismos como
Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento.
Os representantes do governo
interino planejavam um encontro com Hillary, mas o Departamento de Estado disse
que eles não seriam recebidos
pois os EUA não reconhecem o
governo atual como legítimo.
Na semana passada, os EUA
haviam anunciado para ontem
a decisão de se manteriam ou
não os programas de auxílio para Honduras. Kelly afirmou ontem que o país ainda não está
disposto a tomar uma decisão
enquanto iniciativas diplomáticas estão em andamento.
Dia mais calmo
O governo hondurenho confirmou ontem a segunda morte
durante o confronto entre manifestantes e forças de segurança no domingo. Apenas um
morto foi identificado: o jovem
Isy Obed, 19, atingido com um
disparo na cabeça.
Depois da tensão vivida no
domingo, Honduras viveu um
dia mais calmo. Em número
bem menor do que na véspera,
algumas centenas de simpatizantes pró-Zelaya protestaram
ontem nas imediações da Casa
Presidencial.
O governo interino fechou
ontem o aeroporto internacional por 48 horas, alegando razões de segurança. Já o toque
de recolher, que já dura nove
dias, começaria ontem às 22h,
com término às 5h. Anteontem,
por causa dos confrontos, havia
sido antecipado para as 19h.
Hoje, o governo interino está
convocando manifestações em
todas as cidades do país, exortando seus simpatizantes a se
vestirem de branco.
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