São Paulo, domingo, 07 de setembro de 2008

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Moscou e Caracas farão exercício no Caribe

Quatro navios e mil militares da Rússia participarão da operação conjunta, diz Marinha da Venezuela

FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS


A Venezuela e a Rússia realizarão exercícios navais conjuntos no mar do Caribe, entre 10 de 14 de novembro, para reforçar seus "laços de amizade e cooperação", informou o diretor de Contrainteligência Estratégica do Estado Maior Naval venezuelano, Salvatore Cammarata, ao jornal "Ultimas Noticias". Segundo ele, participarão quatro navios e mil militares russos.
Cammarata ressaltou que será a primeira vez que os russos farão exercícios do tipo na América Latina e que uma comitiva militar russa de alto nível esteve recentemente na Venezuela para os preparativos.
Ao longo das últimas semanas, o presidente Hugo Chávez, que apóia a Rússia no conflito contra a Geórgia, vinha mencionando a possibilidade de receber navios militares russos.
"Não temos problema em receber a frota russa, e parece que querem vir. Disse a [o premiê, Vladimir] Putin e a[o presidente Dmitri] Medvedev que serão bem-vindos", disse, no domingo passado, ao chamar a Rússia de "aliada estratégica". Anunciou para breve a chegada de um sistema de defesa antiaérea adquirido de Moscou.
Até o fechamento desta edição, Washington não havia comentado o anúncio do exercício conjunto. Em 18 de agosto, um dia depois de que Chávez falara pela primeira vez do tema, a Casa Branca classificou a presença russa no Caribe de "curiosa". "Os russos e venezuelanos podem fazer toda a cooperação que desejarem, mas é curioso", disse o porta-voz Gordon Johndroe. "Não estou seguro de que a Venezuela precise ou vá ganhar algo com uma visita da frota russa."
A Rússia tornou-se o principal fornecedor bélico de Caracas após os EUA proibirem a venda ao país de armas com componentes americanos. Já a relação Rússia-EUA está no seu ponto mais baixo em 20 anos por causa do conflito entre Moscou e a ex-república soviética da Geórgia, hoje aliada americana no Cáucaso.
Ontem, Medvedev voltou a acusar os EUA de rearmarem a Geórgia a pretexto de fornecer ajuda humanitária. Ele se referia à chegada anteontem, ao mar Negro, área de atuação de importante frota russa, do navio americano USS Mount Whitney, o principal da armada dos EUA no Mediterrâneo.
"Eu me pergunto como se sentiriam se enviássemos agora assistência humanitária ao Caribe, que sofre com o furacão, usando a nossa Marinha", disse Medvedev, sem mencionar o exercício na Venezuela. "A Rússia é um país que tem de ser levado em conta agora."


Com agências internacionais


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