|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AMÉRICA LATINA
Segundo órgão encarregado pela reforma agrária, até 50 grandes propriedades serão desapropriadas neste ano
Caracas vê até 80% das terras "improdutivas"
DA REDAÇÃO
Cerca de 80% das terras cultiváveis da Venezuela não são usadas
adequadamente e podem se tornar alvo do programa de reforma
agrária venezuelano, afirmou ontem o diretor do Instituto Nacional de Terras, Richard Vivas.
"Há 30 milhões de hectares de
terras para agricultura na Venezuela, dos quais 80% estão ociosos", disse Vivas, segundo jornais
venezuelanos.
Vivas afirmou ainda que até 50
propriedades rurais de grande
porte do país devem ser retomadas até o fim do ano e que está
sendo elaborada uma lista com as
propriedades a serem atingidas
pela medida.
"Antes do final deste ano, teremos entre 40 e 50 fazendas [desapropriadas]", disse.
No início do ano, o governo do
presidente Hugo Chávez lançou
uma ofensiva para implementar a
chamada Lei de Terras, de 2001,
com o objetivo de "eliminar de
forma progressiva o latifúndio
nas zonas rurais".
Pela lei, propriedades privadas
ou estatais acima de 5.000 hectares ociosas devem ser distribuídas
a quem "demonstre aptidão para
transformá-las em fundos produtivos".
A lei também cria um imposto a
ser aplicado sobre as terras "com
vocação agrária" que sejam pouco produtivas.
A ofensiva começou com uma
campanha de inspeção de terras e
de seus títulos de propriedade.
Em março, o governo desapropriou 108,8 mil hectares de quatro
fazendas do Estado de Cojedes,
incluindo uma fazenda de 12,8 mil
hectares de propriedade do grupo
britânico Vestey.
Outros 79,2 mil hectares foram
desapropriados da fazenda/resort
Hato Pinero.
Ontem, o presidente da Federação Nacional de Criadores de Gado (Fedenaga), Genaro Méndez,
defendeu um "diálogo em que
ninguém seja humilhado".
"Se o governo quer nos colocar
de joelhos, não vai conseguir",
afirmou. A Fedenaga entrou com
uma ação judicial para bloquear
as expropriações.
Chávez sustenta, porém, que o
direito de propriedade está sendo
respeitado no processo de reforma agrária e que uma compensação será paga nos casos de expropriação.
"Ninguém está sofrendo abuso
aqui", disse Chávez em discurso
proferido anteontem. "Sempre
dissemos que a expropriação na
Venezuela é um último recurso,
quando já não há outro. Sempre
vamos buscar um acordo."
Com agências internacionais
Texto Anterior: Katrina se torna a catástrofe mais cara da história, dizem seguradoras Próximo Texto: Américas: EUA pedem ajuda do Brasil para assegurar democracia na região Índice
|