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SUCESSÃO NOS EUA / O PAPEL DO VICE
Biden refuta modelo Cheney e se vê como um conselheiro
Novo vice-presidente deve reduzir tendência de fortalecimento dos poderes do cargo
Democrata deve investir em relações com o Congresso, onde esteve por 35 anos, e oferecer expertise em temas de política externa a Obama
DANIEL DOMBEY
DO "FINANCIAL TIMES"
Bem antes da eleição que o
conduziu à Vice-Presidência
dos EUA, Joe Biden já deixara
bem claros os seus planos: não
queria repetir Dick Cheney.
"O vice-presidente Cheney
provavelmente foi o mais perigoso vice-presidente da história americana", disse Biden no
debate com sua oponente republicana, Sarah Palin.
A declaração era uma referência à longa busca de Cheney
por uma ampliação dos poderes do Executivo, especialmente em áreas como o uso da força, tratamento de prisioneiros
e política externa.
Em contraste com Cheney,
que passou a maior parte dos
anos em Washington como
membro do Executivo, Biden
foi senador por 35 anos e vê seu
papel como o de trabalhar com
o Congresso e oferecer conselhos e seu conhecimento de política externa ao presidente.
Os assessores de Biden deixaram claro que não têm planos de estabelecer um governo
paralelo, como Cheney foi acusado de fazer. O atual vice-presidente colocou figuras leais a
ele em postos chaves de diversas áreas do governo e sua equipe recebia cópias da correspondência de outros funcionários
da Casa Branca.
Biden poderia representar
um abandono da tendência de
aumento do poder da Vice-Presidência nas últimas décadas.
Mas, de algumas maneiras,
Biden e Cheney são bastante
parecidos. Como o vice-presidente, Biden, após duas tentativas frustradas de conquistar a
indicação presidencial, diz que
não pretende voltar a disputar
o posto. E, como Cheney, ele
também deixou clara sua falta
de entusiasmo por projetos que
vice-presidentes anteriores foram encarregados de conduzir
para mantê-los ocupados como
o programa de "reinvenção do
governo" que Al Gore dirigiu.
E Barack Obama, como
George W. Bush, optou por um
veterano de Washington em
parte para reassegurar os eleitores preocupados com sua experiência limitada.
Os conhecimentos de Biden
foram ainda mais apreciados
porque as questões de política
externa ganharam destaque na
agenda nos dias que antecederam sua seleção como companheiro de chapa de Obama,
quando irrompeu a guerra entre Rússia e Geórgia em agosto.
Enquanto John McCain conquistava elogios por sua resposta dura às ações russas, Biden
exibia suas credenciais com
uma viagem à capital georgiana, Tbilisi, menos de uma semana depois de ser escolhido
como candidato a vice.
Ele também determinou a
agenda para a política dos EUA
quanto à Geórgia, pedindo US$
1 bilhão em assistência ao país,
a soma que o governo Bush terminou por oferecer.
Na terça, Biden foi eleito para
mais um mandato no Senado
por Delaware -nos EUA, é possível concorrer simultaneamente a dois cargos. O substituto deve ser nomeado pelo governador do Estado, e um dos
cotados é o filho de Biden,
Beau, capitão da Guarda Nacional atualmente se preparando
para missão no Iraque.
Ontem, Biden ainda estava
celebrando em Delaware, antes
de voltar a Chicago para reuniões com Obama e a equipe de
transição.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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