São Paulo, Terça-feira, 07 de Dezembro de 1999


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VÍTIMAS DO HOLOCAUSTO
Contas em bancos suíços pertenceriam a mortos durante a Segunda Guerra Mundial
Comissão acha 54 mil contas na Suíça

das agências internacionais

Uma comissão que investigou por três anos denúncias de que os bancos suíços teriam se apropriado do dinheiro de vítimas do Holocausto anunciou ter encontrado cerca de 54 mil contas suspeitas de pertencer a pessoas mortas durante a Segunda Guerra.
O relatório final da comissão, porém, afirma não ter encontrado provas sobre uma suposta conspiração dos bancos da Suíça para roubar o dinheiro de judeus exterminados por Hitler.
A comissão, criada por entidades judaicas e pelos bancos suíços, disse não ter condições de calcular a quantia acumulada nessas contas.
Mas afirmou que a indenização de US$ 1,25 bilhão oferecida pelos bancos para encerrar uma batalha jurídica nos EUA, no ano passado, deve cobrir o valor das contas encontradas.
Representantes dos bancos aprovaram o resultado das investigações. "Provou-se que as dramáticas acusações levantadas há quatro anos não tinham fundamento", disse Georg Krayer, presidente da Associação dos Banqueiros da Suíça.
O relatório alivia as acusações contra os banqueiros, mas não limpa completamente a imagem dos bancos. Segundo o que foi apurado, muitas instituições bancárias dificultaram a vida de sobreviventes do Holocausto e de familiares de vítimas que buscaram informações sobre as contas.
"O resultado da investigação mostra que todas as reivindicações feitas foram justas. Mostra que o acordo (de US$ 1,25 bilhão) era certamente necessário e, no mínimo, justo", afirmou o secretário-geral do Congresso Judaico Mundial, Israel Singer.
A comissão recomenda que os nomes dos titulares de 25 mil contas sejam levados a público, para que seus herdeiros possam buscar ressarcimento. São as contas com mais probabilidades de serem de vítimas do nazismo.
Para isso, os bancos suíços teriam de abrir mão do sigilo bancário, o que já ocorreu anteriormente em duas ocasiões, quando foram publicadas listas de nomes dos proprietários de contas inativas.
Cerca de 650 auditores, chefiados pelo ex-diretor do Federal Reserve (banco central dos EUA) Paul Volcker, reviraram os arquivos dos bancos suíços atrás das contas das vítimas do nazismo.
Eles conseguiram rastrear o destino de cerca de 60% das contas existentes ao final da Segunda Guerra, em 1945.
Em milhares de casos, o dinheiro das contas inativas acabou após anos de pagamentos de taxas de serviço bancário. Em muitos casos, os valores contidos nas contas não reivindicadas foram simplesmente incorporados aos lucros dos bancos.


Texto Anterior: América Latina: EUA divulgam dados sobre ditaduras
Próximo Texto: Oriente Médio: Palestinos ameaçam suspender negociações de paz com Israel
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.