|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARTIGO
Chile e Peru isolam Chávez
NEWTON CARLOS
ESPECIAL PARA A FOLHA
Chile e Peru procuram construir uma espécie de eixo em
contraposição a Hugo Chávez,
e a idéia de isolá-lo externamente talvez ganhe impulso
como extensão da derrota interna. Há cicatrizes profundas
a sanar, com origem na guerra
do Pacífico, entre 1881 e 1883,
quando tropas chilenas, numa
das primeiras operações anfíbias da história, ocuparam Lima, a capital peruana.
O Chile decidiu devolver ao
Peru 3.788 livros seqüestrados
durante a ocupação, e 7.000 peruanos que vivem ilegalmente
no Chile serão beneficiados por
novas leis de imigração.
A comissão de relações exteriores do Congresso do Peru
quer a repatriação de mais ou
menos 10 mil peças, entre livros e documentos. Também
de objetos culturais, e tudo indica que não haverá dificuldades. Os presidente do Peru e do
Chile, Alan García e Michelle
Bachelet, se entenderam muito
bem em torno da idéia de criação de bloco -já com o nome de
Arco Pacífico- reunindo países latino-americanos banhados pelo Pacífico em oposição à
Alba (Alternativa Bolivariana
parra a América Latina) de Hugo Chávez e Fidel Castro.
São avanços extraordinários.
Até há pouco tropas chilenas
faziam manobras na fronteira
com o Peru, dando a medida da
persistência do conflito em torno de demarcações contestadas. Ao mesmo tempo é "esfriado" o conflito do Chile com a
Bolívia, que perdeu a saída para
o mar ao se aliar ao Peru na
guerra do Pacífico.
As reivindicações bolivianas
são agora tratadas em nível de
vice-ministros do Exterior. Bachelet recebeu uma delegação
de parlamentares bolivianos,
com a idéia, segundo a "Latin
News", de colocar no âmbito da
"diplomacia parlamentar" uma
agenda bilateral de 13 pontos.
A Bolívia quer "acesso soberano" ao Pacífico e não normalizará relações com o Chile antes que isso aconteça.
Mas o diálogo assume posições avançadas envolvendo um
dos promotores do Arco Pacífico e um dos países onde Hugo
Chaves tem forte influência, a
Bolívia.
O Peru, que fica de bem com
o Chile, seu parceiro na montagem do contraponto ao presidente venezuelano, foi descrito
no "Miami Herald" como a próxima estrela em ascensão na
América Latina.
Num programa de televisão,
Marcelo Giugale, do Banco
Mundial, citou o Peru em resposta à pergunta sobre qual
país do continente se destacaria nos próximos 20 anos.
Alca
O próprio presidente peruano, Alan García, acusou o líder
nacionalista Ollanta Humala
de receber "ordens de fora" para provocar "perturbações sociais". Foi referência ao dia nacional do protesto convocado
pelos sindicatos. García relacionou sua acusação com o fato
de o Peru encaminhar-se para a
Alca, o acordo de livre comércio
com os Estados Unidos.
Um cultor da Alca -em oposição à Alba- e alvo do chavismo, a caminho do estrelato, como prova de que adotou o melhor modelo. As "Casas de Alba", segundo o primeiro-ministro peruano, Jorge del Castillo,
supostamente financiadas por
Chávez, "constituem interferência nos assuntos internos do
Peru". Mas agora com o selo da
derrota.
O jornalista NEWTON CARLOS é analista de
questões internacionais
Texto Anterior: Artigo: Democracia nas Américas Próximo Texto: China: Explosão em mina de carvão estatal mata 70 Índice
|