São Paulo, terça-feira, 08 de janeiro de 2008

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Bogotá ataca observadores e descarta nova missão

DA REDAÇÃO

Fortalecido com a confirmação de que o filho da refém Clara Rojas está com o Estado, e não com as Farc, o governo colombiano afirmou ontem que "não há mais confiança" para negociar um acordo humanitário com a guerrilha e atacou a comissão internacional que acompanharia a fracassada missão de libertação de três seqüestrados, da qual fez parte o assessor do Planalto Marco Aurélio Garcia.
O chanceler colombiano, Fernando Araújo, afirmou à radio Caracol que Bogotá não permitirá mais no país a presença de comissões do tipo e acusou o grupo de observadores internacionais de serem "favoráveis" à guerrilha.
"[As comissões] estão formadas por pessoas que não conhecem a situação colombiana nem as Farc", disse. "O resultado dessa gestão foi ruim."
Já o ministro do Interior e da Justiça, Carlos Holguín Sardi, afirmou que não há mais condições de negociar com a guerrilha e cobrou que as Farc liberem todos os reféns. "Já não há mais acordos, mais missões humanitárias para que as Farc joguem com todos."
As declarações encerram a etapa em que o governo colombiano, pressionado pela comunidade internacional, ensaiava um acordo com a guerrilha para a troca de 45 reféns por cerca de 500 guerrilheiros presos. Na visão de ministros, entre eles o próprio chanceler Araújo, a única solução real para o conflito é a militar.

Imagem e diplomacia
"Essas comissões [humanitárias] só servem para criar um cenário favorável às Farc na comunidade internacional. Devemos cortar isso pela raiz. Não permitiremos mais", disse o chanceler Araújo.
Além do enviado do Brasil, fazia parte do grupo de observadores o ex-presidente argentino Néstor Kirchner e ainda enviados de Bolívia, Cuba, Equador, França e Suíça. Eles se reuniram na cidade colombiana de Villavicencio à espera da deflagração da operação, organizada pelo presidente venezuelano Hugo Chávez, que, no último dia 31, foi cancelada.
O Itamaraty não quis comentar as declarações. A Folha não conseguiu falar ontem com o assessor Marco Aurélio Garcia. Segundo a France Presse, uma fonte da chancelaria argentina reagiu com "surpresa e assombro" a Araújo.
Também parte do grupo, o ministro de Segurança do Equador, Gustavo Larrea, lamentou. "A comissão não se desintegrou, ela se mantém", disse ele ao jornal colombiano "El Tiempo", afirmando que essa também era uma posição de Uribe. "A libertação dos seqüestrados é um objetivo maior do que as ações políticas que as partes possam tomar."


Com agências internacionais

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