São Paulo, terça-feira, 08 de janeiro de 2008

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Morales deve ceder em negociação, dizem militares

Presidente e governadores tiveram em La Paz 1ª reunião após conflitos; para líder oposicionista, unidade nacional não está em discussão

DA REDAÇÃO

No dia da reunião entre o governo nacional e governadores oposicionistas da Bolívia -o primeiro ensaio de negociação em meses de crise-, o novo comandante das Forças Armadas do país, general Luís Trigo Antelo, pediu que o presidente Evo Morales "ceda em alguns temas" para buscar um acordo.
"O presidente nos pediu recomendações e muito humildemente pedimos que procure uma saída amigável para o conflito, escutando os governadores, cedendo em alguns temas", disse Antelo à rádio Erbol.
O general foi empossado na semana passada, e o novo comando militar teve ontem a primeira reunião com o presidente boliviano. As Forças Armadas respaldaram Morales na fase mais aguda da crise com os governadores, em dezembro. O então comandante das Forças, Wilfredo Vargas, acusou os oposicionistas de "baterem às portas dos quartéis".
"Esse diálogo começa com o desejo de que essa reunião possa dar esperanças ao povo boliviano", disse Morales ontem ao abrir o encontro com os governadores dos nove departamentos bolivianos em La Paz.
Antes da reunião, que não havia acabado até o fechamento desta edição, os oposicionistas se mostraram "otimistas". No encontro, o governador do departamento de Santa Cruz, Rubén Costas, disse que seus princípios não eram negociáveis, mas propôs um pacto nacional "para construir um país sem ódios". Ele afirmou também que "a unidade nacional não está em discussão", apaziguando temores separatistas.
As frases otimistas, porém, contrastam com a baixa expectativa de que fossem alcançados acordos no encontro de ontem -importante porque ocorre após os departamentos de Santa Cruz, Pando, Beni e Tarija terem aclamado estatutos de autonomia administrativa.
O governo voltou a repetir ontem que não recuaria no corte do IDH (Imposto Direto sobre Hidrocarbonetos), demanda mais urgente dos governadores. Em novembro, os governistas do Congresso aprovaram lei que diminui o repasse do tributo aos departamentos em 30% para financiar um benefício a idosos. La Paz também decidiu repassar parte do imposto diretamente aos municípios.
Também não haverá negociação, segundo o porta-voz presidencial, Alex Contreras, sobre o texto da nova Constituição, aprovado por governistas e aliados e que ainda vai a referendo. Os oposicionistas não reconhecem a nova Carta e voltaram a pedir sua revisão ontem, assim como a das autonomias departamentais. À diferença de situações recentes, Morales pediu "hospitalidade" com os governadores.


Com agências internacionais


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