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Morales deve ceder em negociação, dizem militares
Presidente e governadores tiveram em La Paz 1ª reunião após conflitos; para líder oposicionista, unidade nacional não está em discussão
DA REDAÇÃO
No dia da reunião entre o governo nacional e governadores
oposicionistas da Bolívia -o
primeiro ensaio de negociação
em meses de crise-, o novo comandante das Forças Armadas
do país, general Luís Trigo Antelo, pediu que o presidente
Evo Morales "ceda em alguns
temas" para buscar um acordo.
"O presidente nos pediu recomendações e muito humildemente pedimos que procure
uma saída amigável para o conflito, escutando os governadores, cedendo em alguns temas",
disse Antelo à rádio Erbol.
O general foi empossado na
semana passada, e o novo comando militar teve ontem a
primeira reunião com o presidente boliviano. As Forças Armadas respaldaram Morales na
fase mais aguda da crise com os
governadores, em dezembro. O
então comandante das Forças,
Wilfredo Vargas, acusou os
oposicionistas de "baterem às
portas dos quartéis".
"Esse diálogo começa com o
desejo de que essa reunião possa dar esperanças ao povo boliviano", disse Morales ontem ao
abrir o encontro com os governadores dos nove departamentos bolivianos em La Paz.
Antes da reunião, que não
havia acabado até o fechamento desta edição, os oposicionistas se mostraram "otimistas".
No encontro, o governador do
departamento de Santa Cruz,
Rubén Costas, disse que seus
princípios não eram negociáveis, mas propôs um pacto nacional "para construir um país
sem ódios". Ele afirmou também que "a unidade nacional
não está em discussão", apaziguando temores separatistas.
As frases otimistas, porém,
contrastam com a baixa expectativa de que fossem alcançados acordos no encontro de ontem -importante porque ocorre após os departamentos de
Santa Cruz, Pando, Beni e Tarija terem aclamado estatutos de
autonomia administrativa.
O governo voltou a repetir
ontem que não recuaria no corte do IDH (Imposto Direto sobre Hidrocarbonetos), demanda mais urgente dos governadores. Em novembro, os governistas do Congresso aprovaram
lei que diminui o repasse do tributo aos departamentos em
30% para financiar um benefício a idosos. La Paz também decidiu repassar parte do imposto
diretamente aos municípios.
Também não haverá negociação, segundo o porta-voz
presidencial, Alex Contreras,
sobre o texto da nova Constituição, aprovado por governistas e aliados e que ainda vai a
referendo. Os oposicionistas
não reconhecem a nova Carta e
voltaram a pedir sua revisão
ontem, assim como a das autonomias departamentais. À diferença de situações recentes,
Morales pediu "hospitalidade"
com os governadores.
Com agências internacionais
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