São Paulo, quinta-feira, 08 de janeiro de 2009

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ONU e Israel acirram discussão sobre mortes de 43 em escola

Mohammed Saber/Efe
Palestinos rezam em torno dos corpos de algumas 43 vítimas do ataque israelense a escola da ONU que abrigava refugiados; possibilidade de trégua é contestada

DA REDAÇÃO

No dia seguinte ao ataque israelense a uma escola da ONU no campo de refugiados de Jabaliya, os dois lados voltaram a discordar sobre o episódio -o mais letal incidente isolado desde o início da ofensiva-, que deixou 43 mortos e cem feridos (números atualizados ontem pelas Nações Unidas).
Após a trégua de três horas de ontem, John Ging, diretor da UNRWA (agência humanitária da ONU aos refugiados palestinos) reafirmou a versão -refutada por Israel- de que não havia militantes na escola.
Ele contou ter visitado pessoalmente o local durante o cessar-fogo. "Estou convicto de que não havia atividade de militantes na escola. Se alguém tiver provas do contrário, que as apresente", disse Ging, repetindo apelo pela investigação independente do episódio.
Autoridades israelenses alegaram que seus tanques visaram responsáveis por lançamentos de morteiros contra as tropas a partir do terreno da escola e acusaram o Hamas de usar civis como escudo humano. Um porta-voz militar disse que dois militantes, identificados por "fontes no solo", estavam entre os mortos.
Pouco depois do ataque, as forças israelenses enviaram a jornalistas e-mails com links de um vídeo do YouTube que exibia palestinos lançando morteiros a partir de uma escola comandada pela ONU em Gaza -mas o arquivo era datado de outubro de 2007.
O mal-estar entre membros da ONU e autoridades israelenses em torno do episódio ficou evidente numa entrevista conjunta concedida à CNN por Chris Gunness, porta-voz da UNRWA, e Yigal Palmor, porta-voz da Chancelaria de Israel.
Palmor afirmou que Israel "sabe que uma equipe do Hamas lançava foguetes da imediata vizinhança da escola e de seu terreno", o que foi refutado por Gunness. "Yigal, preciso desmenti-lo nisso: eles estavam ou não no complexo da UNRWA? Se estavam, você pode afirmar às pessoas: "Bem, eles estavam lá". Se não estavam, sejamos claros, abertos e honestos sobre isso."
A trégua de ontem serviu também para os sobreviventes enterrarem seus mortos. O "New York Times" acompanhou os funerais.
Segundo o jornal, a maioria das 280 famílias abrigadas na escola era de moradores do campo de Beit Lahiya, de onde saíram após instruções de segurança das forças israelenses, ontem hostilizadas por um líder do Hamas que deixou seu esconderijo a fim de "parabenizar as famílias dos mártires" -mas cuja presença foi recebida com ressalvas por Huda Deed, que chorava a morte de nove parentes na escola.


Com agências internacionais e o "Financial Times"


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