São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2009

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Hillary recua sobre exportar democracia

Meta que servia como tema a política externa de Bush está ausente das prioridades da secretária de Estado de Obama

Ferramentas do poder não mudam, mas os objetivos citados por nova chanceler são mais realistas do que os dos neoconservadores

DANIEL DOMBEY
DEMETRI SEVASTOPULO

DO "FINANCIAL TIMES"

Respondendo a perguntas de seus subordinados no Departamento de Estado na semana passada, Hillary Clinton sublinhou a abordagem realista que pretende adotar quanto ao relacionamento entre os EUA e o resto do mundo.
"Quando falamos sobre os três pilares da política externa americana -defesa, diplomacia, desenvolvimento-, o presidente e eu não estamos sendo retóricos", declarou a nova secretária de Estado.
Singularmente ausente de sua descrição quanto às bases da política externa dos EUA está um quarto "D", a promoção da democracia, meta que servia como tema do governo Bush.
O governo Obama está se esforçando ao máximo para sinalizar uma abordagem pragmática e não ideológica.
Trata-se de um modus operandi que enfatiza a continuidade das políticas de George W. Bush em termos das ferramentas utilizadas pelo Departamento de Estado, mas ao mesmo tempo estabelece o que poderia ser visto como metas mais "realistas".
"A equipe é muito meticulosa, e o que teremos da parte deles é um estudo cuidadoso do que herdaram, para determinar o que funciona", diz um funcionário do governo de Barack Obama.
"Eles aprenderam a lição do início do governo Bush, que decidiu descartar tudo aquilo que se relacionasse com as políticas do presidente Clinton."
Os lema dos "três D" que Hillary vem promovendo utiliza o vocabulário do possível, em lugar de se concentrar na determinação de objetivos grandiosos, como era típico dos chamados neoconservadores.
As práticas do novo governo sugerem que os EUA continuarão a afirmar seu poderio bélico, mas ao mesmo tempo enfatizarão os esforços diplomáticos pelos quais muitos dos aliados americanos clamavam durante o governo Bush.
A secretária de Estado também deseja usar a assistência americana para pressionar países como o Iraque, o Afeganistão e o Paquistão, e o departamento pretende assumir o controle da assistência provida diretamente pelas Forças Armadas, de modo que esse mecanismo possa ser mais facilmente empregado a serviço de objetivos políticos.


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