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Hillary recua sobre exportar democracia
Meta que servia como tema a política externa de Bush está ausente das prioridades da secretária de Estado de Obama
Ferramentas do poder não mudam, mas os objetivos citados por nova chanceler são mais realistas do que
os dos neoconservadores
DANIEL DOMBEY
DEMETRI SEVASTOPULO
DO "FINANCIAL TIMES"
Respondendo a perguntas de
seus subordinados no Departamento de Estado na semana
passada, Hillary Clinton sublinhou a abordagem realista que
pretende adotar quanto ao relacionamento entre os EUA e o
resto do mundo.
"Quando falamos sobre os
três pilares da política externa
americana -defesa, diplomacia, desenvolvimento-, o presidente e eu não estamos sendo
retóricos", declarou a nova secretária de Estado.
Singularmente ausente de
sua descrição quanto às bases
da política externa dos EUA está um quarto "D", a promoção
da democracia, meta que servia
como tema do governo Bush.
O governo Obama está se esforçando ao máximo para sinalizar uma abordagem pragmática e não ideológica.
Trata-se de um modus operandi que enfatiza a continuidade das políticas de George W.
Bush em termos das ferramentas utilizadas pelo Departamento de Estado, mas ao mesmo tempo estabelece o que poderia ser visto como metas
mais "realistas".
"A equipe é muito meticulosa, e o que teremos da parte deles é um estudo cuidadoso do
que herdaram, para determinar o que funciona", diz um
funcionário do governo de Barack Obama.
"Eles aprenderam a lição do
início do governo Bush, que decidiu descartar tudo aquilo que
se relacionasse com as políticas
do presidente Clinton."
Os lema dos "três D" que Hillary vem promovendo utiliza o
vocabulário do possível, em lugar de se concentrar na determinação de objetivos grandiosos, como era típico dos chamados neoconservadores.
As práticas do novo governo
sugerem que os EUA continuarão a afirmar seu poderio bélico, mas ao mesmo tempo enfatizarão os esforços diplomáticos pelos quais muitos dos aliados americanos clamavam durante o governo Bush.
A secretária de Estado também deseja usar a assistência
americana para pressionar países como o Iraque, o Afeganistão e o Paquistão, e o departamento pretende assumir o controle da assistência provida diretamente pelas Forças Armadas, de modo que esse mecanismo possa ser mais facilmente
empregado a serviço de objetivos políticos.
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