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Abordagem para países autoritários muda de tom sob novo governo dos EUA
DO "FINANCIAL TIMES"
Em uma frase que Hillary tomou emprestada de Joseph
Nye, professor da Universidade
Harvard, e de Richard Armitage, parte da equipe diplomática
de Bush, ela define a combinação de poder "duro" e poder
"brando" que pretende aplicar
como "poder inteligente".
A posição dela é reforçada
pela semelhança entre suas
ideias e as expostas pelo presidente Barack Obama e pelo secretário da Defesa, Robert Gates, veterano proponente do
"realismo", no longo debate
que vem sendo travado em
Washington entre eles e os
"idealistas", progressistas que
defendem o intervencionismo.
Não é por nada que Obama
prometeu trabalhar com os
países autoritários, em seu discurso de posse. Enquanto Bush
usou o discurso de posse de seu
segundo mandato para estipular o "objetivo último de pôr
fim à tirania em nosso planeta",
Obama disse às nações não democráticas que lhes "estenderá
a mão se vocês estiverem dispostos a abrir os punhos" uma
oferta que ele mais tarde repetiu em relação ao Irã.
De fato, apenas alguns dias
antes de tomar posse, o então
presidente eleito se esforçou
por evitar a ênfase de Bush com
relação a eleições livres.
"Eleições não equivalem a
democracia tal qual nós a entendemos", disse Obama ao
jornal "Washington Post", enfatizando prioridades como o
combate à corrupção e a rejeição a detenções arbitrárias. "Isso é uma das facetas de uma ordem liberal."
A ênfase de Obama em estabilizar o Afeganistão a fim de
reduzir a ameaça do terrorismo
no país, em lugar de estabelecer
uma "democracia ao modo de
[Thomas] Jefferson", como a
que existe nos EUA, também é
parte dessa linha de raciocínio,
e o mesmo se aplica à sugestão
apresentada por ele antes da
eleição ao general David Petraeus, então comandante das
forças americanas no Iraque,
de que os EUA talvez devessem
se contentar com o "confuso e
desordenado status quo" que
existia naquele país.
Antes que Obama aprove o
deslocamento de soldados adicionais ao Afeganistão, Gates
também sugeriu que os EUA
deveriam reduzir a escala de
suas ambições.
Continuidade
Mas, embora os objetivos estabelecidos pelo governo Obama possam parecer diferentes
(ou talvez mais pragmáticos)
em relação aos endossados pelo
governo Bush, as ferramentas
empregadas nos dois casos são
muitas vezes as mesmas. Na semana passada, Gates sinalizou
que os EUA continuariam a
lançar ataques com mísseis
contra suspeitos de terrorismo
no Paquistão. Menos de três
dias depois da posse de Obama,
a CIA (Agência Central de Inteligência) executou um desses
ataques, quase que certamente
aprovado pelo novo presidente.
Outros instrumentos estabelecidos por Bush e que devem
ser mantidos incluem as negociações hexalaterais com a Coréia do Norte pelo fim do programa nuclear do país, que Hillary Clinton definiu como "essenciais". "Onde a continuidade for apropriada, nós a adotaremos", disse ela.
"Do Irã aos planos para um
encontro rápido com [o presidente russo Dmitri] Medvedev,
passando pelas recentes declarações quanto ao Afeganistão,
existe um forte realismo, ainda
que não esteja garantido que
ele continue a predominar ao
final", disse Cliff Kupchan, analista político em Washington e
antigo funcionário do governo
Bill Clinton (1993-2001).
Embora o debate entre realistas e idealistas que rachou o
governo Bush continue, Kupchan observa que agora "as porções de carne e as de legumes
mudaram de tamanho".
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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