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Relatório mantém impasse no CS
DA REDAÇÃO
Os EUA reagiram ontem ao relatório de Hans Blix afirmando
que a ONU não deve "fugir" de
sua responsabilidade de autorizar
o uso da força para desarmar o
Iraque. A maioria dos países do
Conselho de Segurança (CS), porém, disse que o discurso do chefe
dos inspetores de armas reforça
seus argumentos de que deve-se
dar mais tempo às inspeções.
As divisões no CS foram mantidas após o relato do diplomata
sueco, que afirmou que a cooperação de Bagdá para o seu desarmamento aumentou, mas ainda
não é completa.
Em campanha por votos para
aprovar resolução que abriria o
caminho para a guerra, Washington não ganhou novos aliados declarados ontem. Apenas os representantes de Reino Unido, Espanha e Bulgária, que já seguiam antes a linha americana na crise, se
pronunciaram pelo aumento da
pressão sobre o ditador Saddam
Hussein e de uma possível solução armada.
Já os países que compõem um
bloco contra a guerra -principalmente França, Rússia e China,
membros permanentes com direito a veto no CS- continuaram
a defender a continuação do desarmamento iraquiano pela via
pacífica (inspeções).
O secretário de Estado americano, Colin Powell, disse no CS que
as intenções de Saddam "não mudaram". Para ele, a atuação de
Bagdá continua sendo "uma catálogo de não-cooperação [com a
ONU]". Com um histórico tão extenso de violações, indagou Powell, "como podemos confiar em
garantias?".
"Agora é a hora de o Conselho
dizer a Saddam que o relógio não
parou em razão de seus estratagemas e maquinações", acrescentou
Powell.
Para ele, "o progresso limitado
que vimos" no desarmamento de
Bagdá só aconteceu em razão da
"presença de uma grande força
militar" no golfo Pérsico.
Jack Straw, chanceler britânico,
e Ana Palácio, chefe da diplomacia espanhola, adotaram discursos semelhantes. O primeiro reafirmou que Bagdá se recusa a cooperar, enquanto a segunda chamou Saddam de "tirano" e disse
que a credibilidade da ONU seria
abalada se o organismo nada fizer
para contê-lo.
Dentre os países que se mostravam indecisos sobre o apoio a
uma nova resolução contra o Iraque, Chile e Paquistão apresentaram discursos mais próximos ao
da França que ao dos EUA.
Guiné e Camarões permaneceram indefinidos. E o México deu
sinais de que poderia acompanhar a política da superpotência
vizinha. O presidente mexicano,
Vicente Fox, disse que a responsabilidade pela guerra ou pela paz
está nas mãos de Saddam, que deve atender às exigências da ONU e
se desarmar totalmente.
França
Dentro do bloco que se formou
nas últimas semanas contra a
guerra, a França foi novamente a
principal defensora da continuação das inspeções de armas. Seu
chanceler, Dominique de Villepin, declarou: "Segundo as palavras dos próprios inspetores, [o Iraque] representa hoje um perigo menor que o que representava
em 1991 [ano da Guerra do Golfo]".
Para ele, o relatório de Blix prova que tem havido um "desarmamento verdadeiro" iraquiano, o que reforça a proposta de seu país
de que haja um sistema reforçado
e prolongado de inspeções.
Posições semelhantes foram expressas pelos chanceleres de Rússia, China e Alemanha. O russo, Igor Ivanov, afirmou: "Não precisamos de novas resoluções do CS -já temos resoluções suficientes". "Precisamos de apoio ativo
aos inspetores para que cumpram
suas tarefas", acrescentou.
Tang Jiaxuan, chanceler chinês,
destacou a sua preferência por
uma resolução pacífica e disse que
os países devem ter a "paciência e
a sabedoria" como base para sua
atuação diplomática.
Já o embaixador do Iraque na
ONU, Mohamed Al Duri, que teve
o direito de defender o seu país na
reunião de ontem do CS, declarou
que uma guerra não provará a
existência de armas de destruição
em massa em Bagdá, já que "não
existem essas armas, exceto na
imaginação de alguns".
"Os inspetores provaram que
não havia tais armas, e o que os
EUA e o Reino Unido alegam é
falso", disse ele após a apresentação de Blix. "Pedimos a este augusto conselho que assuma suas responsabilidades, em particular
para desarticular a agressão contra o Iraque."
Com agências internacionais
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