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São Paulo, sábado, 08 de março de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Nova proposta de resolução dá a Saddam prazo definitivo para entregar suas armas; membros do CS criticam texto

EUA propõem dar ultimato até 17 de março

DA REDAÇÃO

Os EUA, o Reino Unido e a Espanha apresentaram ontem ao Conselho de Segurança (CS) da ONU uma nova resolução que dá um ultimato ao Iraque: ou coopera totalmente com a ONU para o seu desarmamento até 17 de março ou enfrenta uma ação militar liderada por Washington.
A proposta, no entanto, enfrentou imediata resistência de França, Rússia e China, que, além de Reino Unido e EUA, possuem direito a veto no CS.
"O Iraque terá fracassado em aproveitar a última oportunidade oferecida pela resolução 1441 a não ser que, até ou antes de 17 de março de 2003, o Conselho de Segurança conclua que o Iraque demonstrou total, incondicional, imediata e ativa cooperação com suas obrigações de desarmamento", diz a proposta de resolução.
A resolução 1441, aprovada pelo CS em novembro último, determinou a volta dos inspetores de armas ao Iraque (expulsos do país em 1998) e deu a Bagdá uma "última chance" para encerrar todos os seus programas de armas químicas, biológicas e nucleares, assim como de mísseis balísticos, e mostrar provas disso. Senão, enfrentaria "sérias consequências".
Se aprovada, a nova resolução abriria caminho para, a partir do dia 17, os EUA e seus aliados darem início a uma ação militar. Há cerca de 300 mil soldados, 500 aviões e dezenas de navios prontos para agir em volta do Iraque.
Ontem, o secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, disse esperar que ela seja votada na próxima semana. Segundo diplomatas, poderia ser na terça-feira. Mas parecem pequenas as chances de aprovação, pois seriam necessários votos favoráveis de 9 dos 15 membros do CS e nenhum veto.
"Por trás dessa apresentação, há a idéia de um ultimato. É a lógica da guerra. Nós não aceitamos essa lógica", disse o chanceler francês, Dominique de Villepin. "Não há razão para fechar a porta para a paz", disse o chanceler chinês, Tang Jiaxuan. O presidente russo, Vladimir Putin, disse ao presidente dos EUA, George W. Bush, estar determinado a buscar uma solução diplomática.
Até o momento, os EUA têm o apoio declarado de apenas três membros do CS: Reino Unido, Espanha e Bulgária. Cinco são contra (França, China, Rússia, Alemanha e Síria). Chile e Paquistão deram declarações ontem que mostram uma tendência a não apoiar um ultimato agora. O México pode vir a apoiar os EUA, mas ainda não se posicionou claramente, e Angola, Camarões e Guiné permanecem indefinidos.
Bush afirmou anteontem que está disposto a atacar o Iraque mesmo sem a aprovação da ONU. Ele disse que espera uma posição do CS "em dias", mas que sua obrigação é proteger os americanos. O governo dos EUA acusa o ditador iraquiano, Saddam Hussein, de desenvolver armas de destruição em massa e de possuir ligações com grupos terroristas internacionais.
Ontem, o embaixador britânico nas Nações Unidas, Jeremy Greenstock, disse que, se o Iraque não obedecer as resoluções da ONU até 17 de março, "haverá uma ação militar".


Com agências internacionais


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