São Paulo, sábado, 08 de março de 2003 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DIA INTERNACIONAL DA MULHER Rede pacifista participa hoje de manifestação em Washington contra uma guerra ao Iraque "Mulheres de preto" protestam em silêncio
MARIA BRANT DA REDAÇÃO Mulheres vestidas de cor-de-rosa devem circundar a Casa Branca hoje para protestar contra uma guerra contra o Iraque. Ironicamente, um dos principais grupos que organizam a manifestação é o Women in Black (WiB), formado por cerca de 10 mil mulheres pacifistas que se manifestam se vestindo de preto e fazendo vigílias regulares diante de edifícios governamentais em mais de 20 países. Apesar de, em cada país, as integrantes do WiB protestarem contra guerras diferentes, algumas plataformas unem suas integrantes: o fim da ocupação israelense nos territórios palestinos e, nos últimos meses, a resolução da crise iraquiana por meios diplomáticos. Além de uma vigília diante da ONU em Nova York ontem e da marcha em Washington hoje -em que membros do WiB deverão se juntar a outros grupos pacifistas de mulheres da aliança Codepink-, a rede planeja manifestações em pelo menos outras dez cidades para marcar o Dia Internacional da Mulher. Mas o que diferencia o WiB, que nasceu em Tel Aviv (Israel) em 1998 para protestar contra a ocupação israelense de territórios palestinos, de outros grupos pacifistas é o fato de não ser uma organização e de suas integrantes se manifestarem em silêncio. "O WiB não é uma organização, mas uma rede de mulheres contrárias à violência patrocinada por Estados", afirmaram repetidamente as integrantes do grupo -que, em 2001, ganhou o Prêmio do Milênio do Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento das Mulheres- ouvidas pela Folha. "Há um reconhecimento de que o militarismo é um sistema centralizado e "de cima para baixo" que presta pouca ou nenhuma atenção às pessoas e circunstâncias às quais causa danos", disse Lane Browning, do comitê organizador do WiB em Washington. "Uma alternativa ao militarismo, portanto, tem de ser flexível, local e enraizada nas experiências reais das pessoas. Uma rede de mobilização permite que isso aconteça." Segundo a escritora e jornalista Sue Katz, uma das fundadoras da rede em Tel Aviv (onde, até hoje, mulheres protestam toda sexta-feira) e que hoje vive em Boston, a opção pelo silêncio nas manifestações tem duas origens. "No começo, éramos severamente hostilizadas por israelenses de direita, e o silêncio era uma forma de evitar uma escalada da agressividade. Era ainda uma forma de expressar o luto." Conforme a rede foi se espalhando -para Iugoslávia, Itália, Reino Unido, Espanha, Colômbia, Canadá, EUA e vários outros países-, as mulheres da WiB resolveram manter o silêncio como forma de protesto. "Ficamos em silêncio porque palavras não conseguem expressar a tragédia que as guerras e o ódio causam", afirmou Stephanie Damoff, da WiB de Nova York. "Recusamo-nos a contribuir para a cacofonia de declarações vazias, proferidas com a melhor das intenções, mas que podem ser apagadas ou passar sem ser ouvidas sob o som de uma ambulância passando ou de uma bomba explodindo." Texto Anterior: Crise é vital para futuro da ONU, diz analista Próximo Texto: EUA violaram zona desmilitarizada, suspeita ONU Índice |
|