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Chávez dita tom ameno do desfecho
Venezuelano surpreende e apazigua ânimos após embate de Uribe e Correa
Presidente reforça apelo para formação de grupo de países amigos para obter troca de reféns das Farc
por guerrilheiros presos
DO ENVIADO A SANTO DOMINGO
Ao contrário do que se previa, o presidente venezuelano,
Hugo Chávez, mais enfático
aliado do Equador desde o início da crise com a Colômbia,
não usou o encontro do Grupo
do Rio em Santo Domingo para
atacar de frente o colega e desafeto histórico Álvaro Uribe.
Chávez manteve um tom
conciliador ao longo de suas
duas intervenções. "Vamos parar com isso. É tempo de reflexão e ações, ainda há tempo de
deter esta voragem da qual poderemos nos arrepender", disse, depois da primeira troca de
acusações entre Uribe e o equatoriano Rafael Correa.
Buscando pontos de convergência, Chávez disse que ele
próprio, quando recém-formado pela Academia Militar da
Venezuela, combateu a guerrilha colombiana na selva. Num
gesto cheio de simbolismo, o
venezuelano disse ter recebido
na véspera provas de vida de
seis reféns das Farc (o número
seria depois corrigido para dez
por um ministro venezuelano).
"O primeiro deles, o cabo
(Pablo) Moncayo, eu não sabia
que era equatoriano", afirmou,
mostrando um vídeo de péssima qualidade e com áudio indecifrável, no qual aparece o refém. Moncayo foi seqüestrado
em um posto militar colombiano há dez anos.
Chávez -que estava acompanhado de Yolanda Pulecio,
mãe da franco-colombiana Ingrid Betancourt, refém das
Farc desde 2002- reiterou o
apelo a formar um grupo de
países amigos para conseguir
uma troca de reféns por rebeldes presos e disse que a França
está disposta a participar junto
com Argentina, Equador, Suíça
e Itália. Ele sugeriu que ONU,
Brasil e Bolívia enviassem representantes.
Chávez defendeu a criação
de um "Grupo da Paz de Santo
Domingo" e entoou versos de
uma música romântica dominicana. O auditório caiu na risada e os aplausos quebraram a
tensão reinante até então.
Depois da sessão -e dois
dias depois de dizer que não
"queria nem um grão de arroz"
da Colômbia-, o venezuelano
afirmou que o comércio com o
país vizinho deve "continuar
crescendo". "Vou me reunir
com meu chanceler e o ministro da Defesa e vamos começar
a recuar para que as águas voltem a seu curso", acrescentou,
sobre o anunciado envio de tropas à fronteira (como constatou a reportagem da Folha nos
últimos dias, elas na verdade
nunca chegaram).
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