São Paulo, sábado, 08 de março de 2008

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Chávez dita tom ameno do desfecho

Venezuelano surpreende e apazigua ânimos após embate de Uribe e Correa

Presidente reforça apelo para formação de grupo de países amigos para obter troca de reféns das Farc por guerrilheiros presos

DO ENVIADO A SANTO DOMINGO

Ao contrário do que se previa, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, mais enfático aliado do Equador desde o início da crise com a Colômbia, não usou o encontro do Grupo do Rio em Santo Domingo para atacar de frente o colega e desafeto histórico Álvaro Uribe.
Chávez manteve um tom conciliador ao longo de suas duas intervenções. "Vamos parar com isso. É tempo de reflexão e ações, ainda há tempo de deter esta voragem da qual poderemos nos arrepender", disse, depois da primeira troca de acusações entre Uribe e o equatoriano Rafael Correa.
Buscando pontos de convergência, Chávez disse que ele próprio, quando recém-formado pela Academia Militar da Venezuela, combateu a guerrilha colombiana na selva. Num gesto cheio de simbolismo, o venezuelano disse ter recebido na véspera provas de vida de seis reféns das Farc (o número seria depois corrigido para dez por um ministro venezuelano).
"O primeiro deles, o cabo (Pablo) Moncayo, eu não sabia que era equatoriano", afirmou, mostrando um vídeo de péssima qualidade e com áudio indecifrável, no qual aparece o refém. Moncayo foi seqüestrado em um posto militar colombiano há dez anos.
Chávez -que estava acompanhado de Yolanda Pulecio, mãe da franco-colombiana Ingrid Betancourt, refém das Farc desde 2002- reiterou o apelo a formar um grupo de países amigos para conseguir uma troca de reféns por rebeldes presos e disse que a França está disposta a participar junto com Argentina, Equador, Suíça e Itália. Ele sugeriu que ONU, Brasil e Bolívia enviassem representantes.
Chávez defendeu a criação de um "Grupo da Paz de Santo Domingo" e entoou versos de uma música romântica dominicana. O auditório caiu na risada e os aplausos quebraram a tensão reinante até então.
Depois da sessão -e dois dias depois de dizer que não "queria nem um grão de arroz" da Colômbia-, o venezuelano afirmou que o comércio com o país vizinho deve "continuar crescendo". "Vou me reunir com meu chanceler e o ministro da Defesa e vamos começar a recuar para que as águas voltem a seu curso", acrescentou, sobre o anunciado envio de tropas à fronteira (como constatou a reportagem da Folha nos últimos dias, elas na verdade nunca chegaram).


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