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Bogotá anuncia morte de outro membro das Farc
Iván Ríos teria sido assassinado pelos subordinados
IURI DANTAS
ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ
No dia em que arrefeceu a
crise diplomática, o governo
colombiano anunciou a morte
do segundo integrante da cúpula das Farc (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia)
em seis dias: Iván Ríos, membro do secretariado das Farc,
teria sido morto por seus próprios homens na segunda-feira.
O ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel Santos,
disse ontem que o chefe da segurança de Ríos, identificado
como Rojas, apresentou-se voluntariamente na noite de
quinta-feira a uma unidade militar na zona rural de Caldas,
400 quilômetros a oeste de Bogotá. Rojas levava "a mão direita, a cédula de identidade, o
passaporte e o computador
pessoal" do líder.
Rojas teria dito que matou
Ríos para "aliviar a pressão"
realizada por militares colombianos na região onde atuavam
os guerrilheiros. O ministro colombiano avaliou o episódio como "um novo golpe contundente" contra a guerrilha.
Trata-se da segunda baixa
em uma semana no alto comando das Farc, que é composto por sete pessoas. Dois dias
antes da morte de Ríos, tropas
colombianas bombardearam o
acampamento do nº 2 na hierarquia e porta-voz do grupo,
Raúl Reyes. Foi a primeira
morte de um integrante do secretariado em mais de quarenta anos.
O acampamento estava localizado em território equatoriano, a 1,8 km da Colômbia. O
desrespeito à linha de fronteira
causou forte reação dos presidentes do Equador, Rafael Correa, e da Venezuela, Hugo Chávez, contra o dirigente colombiano, Álvaro Uribe.
Os três protagonizaram uma
intensa crise diplomática nos
Andes, que parece ter sido solucionada quando Uribe apertou
a mão de Correa e abraçou Chávez no encontro do Grupo do
Rio, acompanhado atentamente pelos colombianos.
Sentada à escada em frente a
uma televisão no Centro Comercial da Rua 62, em Bogotá,
Marcela Pinzón torcia para que
Uribe resistisse a Chávez. "Ele
está brigando com todo mundo,
mas é um homem muito inteligente e está no lugar certo, não
deve se rebaixar ao nível de
Chávez e Correa, eles é que precisam entender", afirmou.
Na avenida 8, John Freddy
Santos disputava um espaço na
porta da lanchonete Bhips
Hamburguesas. Torcia pela
paz, mas como reservista dizia-se pronto para "proteger a pátria" no caso de um improvável
conflito com a Venezuela. "O
mais importante são as provas
de que o Equador e a Venezuela
ajudam as Farc", afirmou.
O colombiano Carlos Alberto
Reyes Polido concorda. "O pior
são as acusações e as provas dos
computadores. O resto se resolve de maneira diplomática",
disse, antes de completar: "o
problema é que Correa está cada vez mais parecido com Chávez, só fala, fala, fala e nada."
E Jorge Galvis Delgado discorda. "A questão não é Chávez
nem o Correa. O Exército expulsou a guerrilha daqui e os
outros reclamam, mas estamos
de mãos atadas", afirmou.
Na avenida 7, Pablo Lugano
tentava agradar aos dois grupos. Por cerca de R$ 8 vendia
camisas de protesto contra Uribe e outras com a inscrição
"Chávez Go Home" (Chávez vá
para casa). "Somos irmãos na
América Latina, o diálogo vai
vencer", torcia ontem à tarde.
Ao que tudo indica, deu certo.
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