São Paulo, sábado, 08 de março de 2008

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Bogotá anuncia morte de outro membro das Farc

Iván Ríos teria sido assassinado pelos subordinados

IURI DANTAS
ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ

No dia em que arrefeceu a crise diplomática, o governo colombiano anunciou a morte do segundo integrante da cúpula das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em seis dias: Iván Ríos, membro do secretariado das Farc, teria sido morto por seus próprios homens na segunda-feira.
O ministro da Defesa colombiano, Juan Manuel Santos, disse ontem que o chefe da segurança de Ríos, identificado como Rojas, apresentou-se voluntariamente na noite de quinta-feira a uma unidade militar na zona rural de Caldas, 400 quilômetros a oeste de Bogotá. Rojas levava "a mão direita, a cédula de identidade, o passaporte e o computador pessoal" do líder.
Rojas teria dito que matou Ríos para "aliviar a pressão" realizada por militares colombianos na região onde atuavam os guerrilheiros. O ministro colombiano avaliou o episódio como "um novo golpe contundente" contra a guerrilha.
Trata-se da segunda baixa em uma semana no alto comando das Farc, que é composto por sete pessoas. Dois dias antes da morte de Ríos, tropas colombianas bombardearam o acampamento do nº 2 na hierarquia e porta-voz do grupo, Raúl Reyes. Foi a primeira morte de um integrante do secretariado em mais de quarenta anos.
O acampamento estava localizado em território equatoriano, a 1,8 km da Colômbia. O desrespeito à linha de fronteira causou forte reação dos presidentes do Equador, Rafael Correa, e da Venezuela, Hugo Chávez, contra o dirigente colombiano, Álvaro Uribe.
Os três protagonizaram uma intensa crise diplomática nos Andes, que parece ter sido solucionada quando Uribe apertou a mão de Correa e abraçou Chávez no encontro do Grupo do Rio, acompanhado atentamente pelos colombianos.
Sentada à escada em frente a uma televisão no Centro Comercial da Rua 62, em Bogotá, Marcela Pinzón torcia para que Uribe resistisse a Chávez. "Ele está brigando com todo mundo, mas é um homem muito inteligente e está no lugar certo, não deve se rebaixar ao nível de Chávez e Correa, eles é que precisam entender", afirmou.
Na avenida 8, John Freddy Santos disputava um espaço na porta da lanchonete Bhips Hamburguesas. Torcia pela paz, mas como reservista dizia-se pronto para "proteger a pátria" no caso de um improvável conflito com a Venezuela. "O mais importante são as provas de que o Equador e a Venezuela ajudam as Farc", afirmou.
O colombiano Carlos Alberto Reyes Polido concorda. "O pior são as acusações e as provas dos computadores. O resto se resolve de maneira diplomática", disse, antes de completar: "o problema é que Correa está cada vez mais parecido com Chávez, só fala, fala, fala e nada."
E Jorge Galvis Delgado discorda. "A questão não é Chávez nem o Correa. O Exército expulsou a guerrilha daqui e os outros reclamam, mas estamos de mãos atadas", afirmou.
Na avenida 7, Pablo Lugano tentava agradar aos dois grupos. Por cerca de R$ 8 vendia camisas de protesto contra Uribe e outras com a inscrição "Chávez Go Home" (Chávez vá para casa). "Somos irmãos na América Latina, o diálogo vai vencer", torcia ontem à tarde. Ao que tudo indica, deu certo.


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