São Paulo, sábado, 08 de março de 2008

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Ataque do ETA corta campanha espanhola

A dois dias da eleição geral, terrorismo volta à cena no país com o assassinato de ex-vereador socialista no País Basco

Condenação ao ato une rivais políticos; país teme fantasma do atentado de Madri, mais sangrento da história européia recente

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A MADRI

Não era quinta-feira, como na antevéspera da eleição anterior, em 2004. Não foram bombas em trens, como há quatro anos. Não houve 192 mortos, como no 11M, o 11 de março de 2004 em que radicais islâmicos atacaram trens em Madri, no maior atentado em terra na história européia.
Mas a morte compareceu de novo ao cenário eleitoral, na forma de três balas contra o tórax de Isaías Carrasco, 42 anos, ex-vereador do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) em Mondragón, no País Basco, norte da Espanha. Carrasco já chegou ao hospital clinicamente morto.
A campanha eleitoral, cujo encerramento oficial se daria ontem, foi suspensa por todos os partidos, até pelo Eusko Alkartasuna (Solidariedade Basca), o mais independentista dos partidos legais do País Basco.
O atentado, como era inevitável, trouxe à tona todos os fantasmas de 2004. Naquele ano, o governo, então em mãos do PP (Partido Popular), manipulou as informações sobre o ataque aos trens para tentar responsabilizar o ETA (Euskadi Ta Askatasuna, Pátria Basca e Liberdade), grupo terrorista que luta pela independência dessa região.
O pressuposto era o de que o PSOE, hoje no governo, era brando com o terrorismo, fortemente repudiado pela grande maioria dos espanhóis, em especial em um momento de choque como o do 11M, pelas dimensões do ataque. A manipulação provocou efeito inverso: o PSOE ganhou, apesar de as pesquisas até os atentados serem todas favoráveis ao PP.
Agora, o cenário foi totalmente diferente: nenhuma liderança pôs em dúvida que o ETA fora o autor do crime e houve uma rara manifestação conjunta de todos os partidos representados nas Cortes (o Parlamento espanhol) e dos sindicatos de empresários e trabalhadores. "Hoje, oferecemos uma imagem de unidade democrática que esperemos que se mantenha para sempre", diz o comunicado.


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