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Ataque do ETA corta campanha espanhola
A dois dias da eleição geral, terrorismo volta à cena no país com o assassinato de ex-vereador socialista no País Basco
Condenação ao ato une rivais políticos; país teme fantasma do atentado de Madri, mais sangrento da história européia recente
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A MADRI
Não era quinta-feira, como
na antevéspera da eleição anterior, em 2004. Não foram bombas em trens, como há quatro
anos. Não houve 192 mortos,
como no 11M, o 11 de março de
2004 em que radicais islâmicos
atacaram trens em Madri, no
maior atentado em terra na história européia.
Mas a morte compareceu de
novo ao cenário eleitoral, na
forma de três balas contra o tórax de Isaías Carrasco, 42 anos,
ex-vereador do PSOE (Partido
Socialista Operário Espanhol)
em Mondragón, no País Basco,
norte da Espanha. Carrasco já
chegou ao hospital clinicamente morto.
A campanha eleitoral, cujo
encerramento oficial se daria
ontem, foi suspensa por todos
os partidos, até pelo Eusko Alkartasuna (Solidariedade Basca), o mais independentista dos
partidos legais do País Basco.
O atentado, como era inevitável, trouxe à tona todos os
fantasmas de 2004. Naquele
ano, o governo, então em mãos
do PP (Partido Popular), manipulou as informações sobre o
ataque aos trens para tentar
responsabilizar o ETA (Euskadi Ta Askatasuna, Pátria Basca
e Liberdade), grupo terrorista
que luta pela independência
dessa região.
O pressuposto era o de que o
PSOE, hoje no governo, era
brando com o terrorismo, fortemente repudiado pela grande
maioria dos espanhóis, em especial em um momento de choque como o do 11M, pelas dimensões do ataque. A manipulação provocou efeito inverso: o
PSOE ganhou, apesar de as pesquisas até os atentados serem
todas favoráveis ao PP.
Agora, o cenário foi totalmente diferente: nenhuma liderança pôs em dúvida que o
ETA fora o autor do crime e
houve uma rara manifestação
conjunta de todos os partidos
representados nas Cortes (o
Parlamento espanhol) e dos
sindicatos de empresários e
trabalhadores. "Hoje, oferecemos uma imagem de unidade
democrática que esperemos
que se mantenha para sempre",
diz o comunicado.
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