São Paulo, terça-feira, 08 de março de 2011

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Missão desastrada constrange Reino Unido

Declaração de chanceler não bate com versão dos líderes dos rebeldes em Benghazi

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

O governo britânico teve de passar todo o dia de ontem tentando explicar a desastrada missão de seus agentes no leste da Líbia.
Oito funcionários do governo (dois agentes secretos do MI6 e seis militares do Serviço Aéreo Especial) foram detidos no sábado por opositores de Muammar Gaddafi após pousarem, de helicóptero, no meio do deserto.
Eles foram confundidos com mercenários pró-Gaddafi, e a libertação só ocorreu no domingo após intervenção do governo.
William Hague, ministro das Relações Exteriores, foi ao Parlamento e afirmou que era uma missão diplomática, cuja intenção era tomar consciência de como estava a situação no país e ao mesmo tempo conversar com líderes rebeldes em Benghazi.
"A detenção foi um mal-entendido. Nós tínhamos entrado em contato com as lideranças dos rebeldes, e eles concordaram que era uma boa ideia o envio de uma missão diplomática", afirmou.
A história contada pelos líbios é outra. Mustafa Gheriani, porta-voz dos opositores, disse ao jornal "The Times": "Se era uma delegação oficial, por que vieram de helicóptero? Por que não informaram que estavam vindo? Podiam pousar no aeroporto de Benina ou ter vindo pelo Egito, como os jornalistas".
A "missão" britânica foi usada como propaganda por Gaddafi na televisão estatal do país. O episódio foi mostrado como prova de que os rebeldes estão agindo a mando das potências ocidentais.
Também foi divulgada na TV uma ligação telefônica entre o embaixador britânicos e os rebeldes.
Hague afirmou que autorizou pessoalmente a ida dos agentes, mas disse que o premiê, David Cameron, e outros ministros tinham conhecimento da missão.
Não foi a primeira ação do governo britânico na atual crise líbia a receber críticas.
Primeiro, foi a demora do país em retirar seus cidadãos da Líbia. Depois, Cameron visitou países do Oriente Médio, em meio aos protestos, com uma delegação interessada em vender armas.
Na sequência, Cameron falou da imposição de embargo aéreo à Líbia para depois voltar atrás diante da falta de apoio de outros países.
Ontem, Menzies Campbell, ex-líder do Partido Liberal Democrata, disse que o envio dos agentes foi executado de forma embaraçosa. Os liberais-democratas não são oposição. Formam com o Partido Conservador, de Hague, o governo de coalizão no Reino Unido.


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