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Uribe e Chávez voltam a trocar acusações
Oito cidadãos colombianos são mantidos presos na Venezuela acusados de "espionagem e sabotagem"
FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS
Os presidentes de Venezuela
e Colômbia voltaram a trocar
acusações, desta vez por conta
da prisão, por Caracas, de ao
menos oito cidadãos colombianos a quem Hugo Chávez acusa
de serem espiões. O colombiano Álvaro Uribe reagiu e afirmou que levará o caso à OEA
(Organização dos Estados
Americanos) e à ONU.
O anúncio das prisões foi feito anteontem pelo ministro da
Justiça venezuelano, Tarek El
Asissami, que disse que eles
portavam fotos sobre o sistema
elétrico do país para "fins de espionagem e sabotagem".
A Venezuela enfrenta grave
crise energética. O governo culpa a seca que atinge o reservatório de Guri, responsável por
70% do fornecimento do país.
Oposição e analistas apontam
ainda a falta de planejamento e
investimento no setor.
Na TV, anteontem, Chávez
explicou a situação de Guri,
mas não descartou que os problemas no sistema sejam também fruto de sabotagem. Disse
ainda que alguns dos presos tinham documentos de identificação do Exército colombiano.
"Isso terá que ser esclarecido
com a Colômbia."
Ontem, Uribe disse que os
detidos trabalhavam na Venezuela ou "estavam fazendo turismo". Dois deles, informou,
trabalharam no passado no
Exército, como médico e farmacêutica civis. Afirmou que o
governo Chávez estimula a perseguição de colombianos.
O defensor do povo da Colômbia, Vólmar Pérez, disse
que são 20 os colombianos detidos na Venezuela, 12 dos
quais acusados de ligação com
paramilitares. Ele criticou o
ministro Asissami por haver dito que a nacionalidade dos supostos espiões era por si um fato "preocupante".
A crise bilateral tem reflexos
na política doméstica de parte a
parte. Se Chávez enfrenta desgaste por conta da crise energética, as relações com a Venezuela são um dos temas de debate da eleição presidencial de
maio na Colômbia, onde o venezuelano tem grande rejeição.
Caracas e Bogotá mantêm
tenso relacionamento agravado em 2009 pelo repúdio de
Chávez ao acordo militar entre
EUA e Colômbia. Nesta semana, o governo Uribe protestou
pelo anúncio de que a Venezuela pode comprar até US$ 5 bilhões em armamentos russos.
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