São Paulo, quinta-feira, 08 de abril de 2010

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Uribe e Chávez voltam a trocar acusações

Oito cidadãos colombianos são mantidos presos na Venezuela acusados de "espionagem e sabotagem"

FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

Os presidentes de Venezuela e Colômbia voltaram a trocar acusações, desta vez por conta da prisão, por Caracas, de ao menos oito cidadãos colombianos a quem Hugo Chávez acusa de serem espiões. O colombiano Álvaro Uribe reagiu e afirmou que levará o caso à OEA (Organização dos Estados Americanos) e à ONU.
O anúncio das prisões foi feito anteontem pelo ministro da Justiça venezuelano, Tarek El Asissami, que disse que eles portavam fotos sobre o sistema elétrico do país para "fins de espionagem e sabotagem".
A Venezuela enfrenta grave crise energética. O governo culpa a seca que atinge o reservatório de Guri, responsável por 70% do fornecimento do país. Oposição e analistas apontam ainda a falta de planejamento e investimento no setor.
Na TV, anteontem, Chávez explicou a situação de Guri, mas não descartou que os problemas no sistema sejam também fruto de sabotagem. Disse ainda que alguns dos presos tinham documentos de identificação do Exército colombiano. "Isso terá que ser esclarecido com a Colômbia."
Ontem, Uribe disse que os detidos trabalhavam na Venezuela ou "estavam fazendo turismo". Dois deles, informou, trabalharam no passado no Exército, como médico e farmacêutica civis. Afirmou que o governo Chávez estimula a perseguição de colombianos.
O defensor do povo da Colômbia, Vólmar Pérez, disse que são 20 os colombianos detidos na Venezuela, 12 dos quais acusados de ligação com paramilitares. Ele criticou o ministro Asissami por haver dito que a nacionalidade dos supostos espiões era por si um fato "preocupante".
A crise bilateral tem reflexos na política doméstica de parte a parte. Se Chávez enfrenta desgaste por conta da crise energética, as relações com a Venezuela são um dos temas de debate da eleição presidencial de maio na Colômbia, onde o venezuelano tem grande rejeição.
Caracas e Bogotá mantêm tenso relacionamento agravado em 2009 pelo repúdio de Chávez ao acordo militar entre EUA e Colômbia. Nesta semana, o governo Uribe protestou pelo anúncio de que a Venezuela pode comprar até US$ 5 bilhões em armamentos russos.


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