São Paulo, quarta-feira, 08 de maio de 2002

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COMENTÁRIO

Atentado atrasa acordo

SÉRGIO MALBERGIER
EDITOR DE MUNDO

As dezenas de vítimas no último ataque suicida em Israel servirão de argumento para os dois lados.
Palestinos dirão que, logo após a sangrenta ofensiva israelense na Cisjordânia contra a "infra-estrutura terrorista", elas são mais uma prova de que não há solução militar para o terrorismo.
Israelenses dirão que medidas ainda mais duras são necessárias para impedir novos ataques e que bastou suas tropas afrouxarem o cerco às cidades palestinas para o terror voltar a suas ruas.
Uma coisa é certa: atentados como o de ontem só fazem atrasar qualquer avanço em direção ao entendimento.
Uma forma de desestimular o terrorismo palestino é justamente chamá-lo pelo seu nome: terrorismo. Por mais justa que seja a causa palestina, os homens-bomba não são "mártires" dessa causa, eles só a prejudicam.
Mas é como "mártires" que eles são vistos por muitos setores do mundo islâmico e simpatizantes da causa palestina, que arrecadam fundos para sustentar suas famílias e alimentam a continuação do ciclo de violência.
Israel, porém, é o principal alimentador do fenômeno. É sua brutal e humilhante ocupação de Gaza e da Cisjordânia que leva jovens palestinos aos braços de grupos como o Hamas, que querem varrer o Estado judeu do mapa.
Como sempre nesse conflito, os dois lados são vítimas e algozes. Cabe à comunidade internacional pressionar a ambos e simpatizar com a dor de ambos.



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