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COMENTÁRIO
Atentado atrasa acordo
SÉRGIO MALBERGIER
EDITOR DE MUNDO
As dezenas de vítimas no último
ataque suicida em Israel servirão
de argumento para os dois lados.
Palestinos dirão que, logo após
a sangrenta ofensiva israelense na
Cisjordânia contra a "infra-estrutura terrorista", elas são mais uma
prova de que não há solução militar para o terrorismo.
Israelenses dirão que medidas
ainda mais duras são necessárias
para impedir novos ataques e que
bastou suas tropas afrouxarem o
cerco às cidades palestinas para o
terror voltar a suas ruas.
Uma coisa é certa: atentados como o de ontem só fazem atrasar
qualquer avanço em direção ao
entendimento.
Uma forma de desestimular o
terrorismo palestino é justamente
chamá-lo pelo seu nome: terrorismo. Por mais justa que seja a causa palestina, os homens-bomba
não são "mártires" dessa causa,
eles só a prejudicam.
Mas é como "mártires" que eles
são vistos por muitos setores do
mundo islâmico e simpatizantes
da causa palestina, que arrecadam fundos para sustentar suas
famílias e alimentam a continuação do ciclo de violência.
Israel, porém, é o principal alimentador do fenômeno. É sua
brutal e humilhante ocupação de
Gaza e da Cisjordânia que leva jovens palestinos aos braços de grupos como o Hamas, que querem
varrer o Estado judeu do mapa.
Como sempre nesse conflito, os
dois lados são vítimas e algozes.
Cabe à comunidade internacional
pressionar a ambos e simpatizar
com a dor de ambos.
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