São Paulo, sábado, 08 de junho de 2002

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Número de candidatos bate recorde no país

DE PARIS

As eleições legislativas deste ano na França bateram o recorde de candidatos. São 8.456 para 577 vagas na Assembléia Nacional. O número é tão grande que está gerando confusão estatística. O jornal "Le Monde" diz que são 8.455. Para o jornal "Le Parisien", os candidatos são apenas 8.464.
A inflação de aspirantes a deputado se deve sobretudo ao sistema de financiamento dos partidos. Eles recebem do Estado 1,66 (cerca de R$ 3,40) por voto obtido. Se conseguirem emplacar um nome na Assembléia Nacional, ganham 45.398 (cerca de R$ 93 mil) por eleito, por ano, durante os cinco anos de mandato.
A lei de financiamento, adotada em 1988, visou a tornar mais transparentes as finanças dos partidos, evitando assim a corrupção, e a democratizar as eleições legislativas, permitindo a sobrevivência de pequenas formações políticas.
Resultou, porém, na dispersão dos interesses "políticos" em uma variedade enorme de partidos, como o Direito de Caça e o Apaixonados pela Opereta. Há inclusive os que pregam o voto em branco, como o Partido Político Apolítico e o Partido Branco. Desde 1852, o voto em branco na França é somado aos votos nulos na contagem oficial.
"Quem vota em branco na França tem o seu voto anulado. Nós consideramos isso uma injustiça, pois se trata de um voto de contestação à classe política tradicional", diz à Folha Blaise Hersent-Lechatreux, 32, presidente do Partido Branco e candidato a deputado.
Para que o voto em branco reaparecesse na contagem oficial, o Partido Branco elaborou uma engenhosa estratégia eleitoral. Apresenta candidatos "sem programa político" que "emprestam" seus nomes apenas para o eleitor votar em branco. Assim, o total de votos para o candidato X, do partido, na verdade significa a soma de votos em branco dos eleitores, previamente informados sobre a estratégia.
"O voto em branco é diferente da abstenção, pois o eleitor não abre mão do ato cívico que é votar e ao mesmo tempo manifesta o seu descontentamento", diz Hersent-Lechatreux.



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