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Número de candidatos bate recorde no país
DE PARIS
As eleições legislativas deste ano na França bateram o recorde de candidatos. São 8.456 para 577 vagas na Assembléia Nacional. O número é tão grande
que está gerando confusão estatística. O jornal "Le Monde"
diz que são 8.455. Para o jornal
"Le Parisien", os candidatos
são apenas 8.464.
A inflação de aspirantes a deputado se deve sobretudo ao
sistema de financiamento dos
partidos. Eles recebem do Estado 1,66 (cerca de R$ 3,40) por
voto obtido. Se conseguirem
emplacar um nome na Assembléia Nacional, ganham
45.398 (cerca de R$ 93 mil) por
eleito, por ano, durante os cinco anos de mandato.
A lei de financiamento, adotada em 1988, visou a tornar
mais transparentes as finanças
dos partidos, evitando assim a
corrupção, e a democratizar as
eleições legislativas, permitindo a sobrevivência de pequenas formações políticas.
Resultou, porém, na dispersão dos interesses "políticos"
em uma variedade enorme de
partidos, como o Direito de Caça e o Apaixonados pela Opereta. Há inclusive os que pregam
o voto em branco, como o Partido Político Apolítico e o Partido Branco. Desde 1852, o voto
em branco na França é somado
aos votos nulos na contagem
oficial.
"Quem vota em branco na
França tem o seu voto anulado.
Nós consideramos isso uma injustiça, pois se trata de um voto
de contestação à classe política
tradicional", diz à Folha Blaise
Hersent-Lechatreux, 32, presidente do Partido Branco e candidato a deputado.
Para que o voto em branco
reaparecesse na contagem oficial, o Partido Branco elaborou
uma engenhosa estratégia eleitoral. Apresenta candidatos
"sem programa político" que
"emprestam" seus nomes apenas para o eleitor votar em
branco. Assim, o total de votos
para o candidato X, do partido,
na verdade significa a soma de
votos em branco dos eleitores,
previamente informados sobre
a estratégia.
"O voto em branco é diferente da abstenção, pois o eleitor
não abre mão do ato cívico que é votar e ao mesmo tempo manifesta o seu descontentamento", diz Hersent-Lechatreux.
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