|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GUERRA NO ORIENTE MÉDIO
Histórico mostra inação da ONU na região
Até a retirada de Israel do sul do Líbano, em 2000, o Conselho de Segurança aprovou mais de 60 resoluções insistindo na desocupação
Texto aprovado em 1978 é semelhante ao que se tenta obter agora para chegar a cessar-fogo, mas cenário desde então tem piorado
GUSTAVO CHACRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NOVA YORK
Tropas israelenses ocupavam o sul do Líbano para combater milícias inimigas. O governo de Beirute não conseguia
estender a sua autoridade para
a região. E a ONU aprovava
uma resolução, a 425. Era 19 de
março de 1978.
"Gravemente preocupado
com a deterioração da situação
no Oriente Médio e as conseqüências para a paz internacional", começava o texto, "e convencido de que a presente situação impede o alcance de
uma paz justa no Oriente Médio", o Conselho de Segurança
pedia o "respeito à integridade
territorial do Líbano" com
fronteiras reconhecidas; que
Israel deixasse o país e encerrasse as operações militares; e
criava a Unifil (Forca Interina
da ONU para o Sul do Líbano).
Até a retirada de Israel do sul,
em 2000, o Conselho de Segurança da ONU aprovou mais de
60 resoluções insistindo na desocupação israelense e no exercício de autoridade, pelo Líbano, no sul do país. Nenhuma
das duas coisas ocorrera até então. E a Unifil se tornou uma
inerte força de monitoramento
cujo mandato era prorrogado
sempre em janeiro e julho.
No meio tempo, a guerra civil
do Líbano se intensificou; Israel ocupou uma capital árabe
pela primeira vez; marines dos
EUA e soldados da França que
tentavam intervir no conflito
foram vítimas de atentados de
um grupo desconhecido na
época, o Hizbollah; o presidente do Líbano Bashir Gemayel
foi assassinado; Beirute foi destruída; milhares de civis palestinos e xiitas libaneses foram
assassinados por falangistas
cristãos-maronitas com permissão de Israel nos massacres
de Sabra e Chatila, e Israel permaneceu no sul do país afirmando lutar contra o crescimento do Hizbollah, que dizia
estar resistindo à ocupação.
Porém o texto da resolução
1.310, em 27 de julho de 2000,
continha um fato novo: "O
Conselho de Segurança da
ONU e o secretário-geral chegaram a conclusão que em 16 de
junho de 2000 Israel retirou
suas forças do Líbano em acordo com a resolução 425".
Pressão sobre Beirute
Nos janeiros e julhos seguintes, novas resoluções foram
aprovadas para prorrogar o
mandato da Unifil e insistindo
que o Líbano exercesse a sua
autoridade no sul do país. A
partir de então, a pressão caiu
sobre Beirute, que assistia passiva ao Hizbollah se armar.
Em janeiro de 2004, a resolução 1.525, visivelmente se referindo a Israel e ao Hizbollah,
afirmou que havia sérias "violações" da fronteira israelo-libanesa. Mas a resolução mais importante daquele ano foi a
1.559. De forma direta, o texto
pedia a retirada das forças estrangeiras do Líbano (referência à Síria, mas que muitos libaneses afirmam também se referir as fazendas de Shebaa), o desarmamento das milícias libanesas e não-libanesas e apoiava
o controle do governo libanês
sobre o território.
O ex-premiê e então líder da
oposição à presença síria Rafik
Hariri foi morto em atentado, o
que levou à Revolução dos Cedros e à retirada das forças militares e de inteligência sírias.
Na resolução 1.655, aprovada
em janeiro, ficava claro que a
tensão se elevava no sul.
Em maio, dias após visita do
premie libanês, Fouad Siniora,
aos EUA, nova resolução do CS
da ONU foi aprovada, a 1.680. O
governo do Líbano era elogiado
por avanços na implementação
da 1.559 por meio "de um diálogo nacional", mas o CS insistia
que faltava ainda desarmar as
milícias e controlar todo o território. Havia preocupação
com o "movimento de armas
para milícias no território libanês nos últimos seis meses"
(provavelmente do Irã para o
Hizbollah), uma expressão inédita e que de certa forma antecipava o que estava por vir.
A última resolução, a 1.697,
de julho, prorroga o mandato
da Unifil e cita preocupação
com a escalada da violência.
Agora, estuda-se uma nova
resolução para um cessar-fogo
definitivo -muito parecido
com 1978. Na época, o Líbano
estava dividido na guerra civil.
Agora, por enquanto, ainda não
há combates internos. Mas,
aparentemente, os dois países
devem seguir como tema de 1
em cada 18 resoluções do CS.
Texto Anterior: Israel, "sem limitações", impõe toque de recolher no Líbano Próximo Texto: Sinagoga em Campinas liga ataque a texto de vereador Índice
|