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ANÁLISE
Governo muda após desgaste
DE WASHINGTON
O segundo aniversário dos
atentados de 11 de Setembro, na
quinta-feira, ocorre em um momento de transição e desgaste para o governo de George W. Bush.
Os principais secretários do
presidente vêm sendo encarregados de lembrar os EUA das ""conquistas" da atual administração e
do ""perigo iminente" do terror.
Na linha de frente, a elite do governo: John Ashcroft (Justiça),
Tom Ridge (Segurança Interna),
Colin Powell (Estado) e Donald
Rumsfeld (Defesa) vêm intensificando discursos e viagens pelos
EUA -conforme a campanha
eleitoral avança- recapitulando
as ações de Bush na área.
O objetivo é manter à tona o
principal capital político de Bush:
uma resposta rápida e direta aos
atentados do 11 de Setembro e as
vitórias militares iniciais no Afeganistão e Iraque.
Enquanto isso, o presidente começa a se deslocar para outro
front, o econômico, onde estão de
fato a atenção dos americanos e o
maior obstáculo ao seu projeto de
reeleição em 2004. Em seus últimos discursos e aparições, Bush
já vem se dividindo entre o Iraque
e o que chama de ""sinais claros de
recuperação econômica".
Na noite de quinta-feira, por
exemplo, durante debate entre os
nove pré-candidatos à Presidência do Partido Democrata, de
oposição, a agenda econômica foi
predominante, intercalada com
comentários sobre a ""vietnamização" no Iraque.
Em ambos os campos, Bush está
ficando sem munição.
Internamente, crescem as críticas em relação às mortes de soldados no Iraque e a conta da guerra.
O dinheiro gasto fora do país
contribuiu para uma previsão de
déficit fiscal em 2004 de US$ 480
bilhões, um rombo que, segundo
relatório do Banco Mundial, coloca em risco toda a recuperação
econômica vislumbrada.
Os sinais de melhora não tiveram reflexo significativo no desemprego. A taxa continua na faixa de 6,1%, com mais de 9 milhões
de desempregados - quase 3 milhões ficaram sem trabalho nos
anos Bush. O presidente já cortou
impostos, ampliou o déficit e
mantém os juros básicos em 1%
ao ano. Espera agora que essa receita dê frutos no emprego.
Enquanto isso, os principais
pré-candidatos democratas adotam discurso agressivo na economia e no "descontrole" no Iraque.
Embora comece agora a atacar
o flanco econômico, Bush deverá
manter firme a retórica da guerra
contra o terror, como faria ontem
à noite. A cúpula da campanha republicana também já começa a
planejar um grande ato com esse
objetivo. A indicação oficial de
Bush como candidato já tem um
cenário escolhido: Nova York, no
exato local do ataque em setembro de 2001.
(FC)
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