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São Paulo, segunda-feira, 08 de setembro de 2003

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ANÁLISE

Governo muda após desgaste

DE WASHINGTON

O segundo aniversário dos atentados de 11 de Setembro, na quinta-feira, ocorre em um momento de transição e desgaste para o governo de George W. Bush.
Os principais secretários do presidente vêm sendo encarregados de lembrar os EUA das ""conquistas" da atual administração e do ""perigo iminente" do terror.
Na linha de frente, a elite do governo: John Ashcroft (Justiça), Tom Ridge (Segurança Interna), Colin Powell (Estado) e Donald Rumsfeld (Defesa) vêm intensificando discursos e viagens pelos EUA -conforme a campanha eleitoral avança- recapitulando as ações de Bush na área.
O objetivo é manter à tona o principal capital político de Bush: uma resposta rápida e direta aos atentados do 11 de Setembro e as vitórias militares iniciais no Afeganistão e Iraque.
Enquanto isso, o presidente começa a se deslocar para outro front, o econômico, onde estão de fato a atenção dos americanos e o maior obstáculo ao seu projeto de reeleição em 2004. Em seus últimos discursos e aparições, Bush já vem se dividindo entre o Iraque e o que chama de ""sinais claros de recuperação econômica".
Na noite de quinta-feira, por exemplo, durante debate entre os nove pré-candidatos à Presidência do Partido Democrata, de oposição, a agenda econômica foi predominante, intercalada com comentários sobre a ""vietnamização" no Iraque.
Em ambos os campos, Bush está ficando sem munição.
Internamente, crescem as críticas em relação às mortes de soldados no Iraque e a conta da guerra.
O dinheiro gasto fora do país contribuiu para uma previsão de déficit fiscal em 2004 de US$ 480 bilhões, um rombo que, segundo relatório do Banco Mundial, coloca em risco toda a recuperação econômica vislumbrada.
Os sinais de melhora não tiveram reflexo significativo no desemprego. A taxa continua na faixa de 6,1%, com mais de 9 milhões de desempregados - quase 3 milhões ficaram sem trabalho nos anos Bush. O presidente já cortou impostos, ampliou o déficit e mantém os juros básicos em 1% ao ano. Espera agora que essa receita dê frutos no emprego.
Enquanto isso, os principais pré-candidatos democratas adotam discurso agressivo na economia e no "descontrole" no Iraque.
Embora comece agora a atacar o flanco econômico, Bush deverá manter firme a retórica da guerra contra o terror, como faria ontem à noite. A cúpula da campanha republicana também já começa a planejar um grande ato com esse objetivo. A indicação oficial de Bush como candidato já tem um cenário escolhido: Nova York, no exato local do ataque em setembro de 2001. (FC)


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