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São Paulo, segunda-feira, 08 de setembro de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Korei preside o Parlamento e ainda não respondeu ao convite; chanceler de Israel defende expulsão de Arafat

Arafat aponta moderado para premiê

DA REDAÇÃO

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Iasser Arafat, indicou ontem o presidente do Parlamento palestino, Ahmed Korei, para ser o substituto do demissionário premiê Mahmoud Abbas, mais conhecido como Abu Mazen.
Uma fonte palestina disse que Korei estava estudando o pedido. Suas credenciais de moderado e arquiteto dos acordos de paz de Oslo (1993) poderiam torná-lo aceitável aos EUA e a Israel e ajudar a salvar o moribundo plano de paz lançado em junho último para encerrar quase três anos de Intifada, a revolta palestina contra a ocupação israelense.
O moderado Mazen apresentou sua renúncia anteontem, reclamando que seus esforços para reformar a ANP e pela paz estavam sendo bloqueados por Arafat, frustrados por ações israelenses e recebendo pouco apoio dos EUA.
Sem Mazen, Israel e EUA ficaram sem interlocutor do lado palestino, já que descartam Arafat como um "obstáculo à paz".
O anúncio da escolha de Korei foi feito em encontro em Ramallah da liderança do Fatah, maior grupo político palestino. Seu nome foi aprovado pelo Fatah e também pelo comitê executivo da OLP (Organização para a Libertação da Palestina).
A nomeação de Korei, 65, uma das principais lideranças moderadas palestinas, poderia dar mais uma chance ao novo plano de paz, que exige o fim imediato da violência, a retirada de Israel das cidades palestinas e a criação de um Estado palestino em 2005.
Fontes palestinas disseram que Korei estava presente durante o encontro do Fatah, mas não deu resposta imediata a Arafat.
Os EUA, hegemônicos hoje no Oriente Médio, defendem um premiê forte para afastar a influência de Arafat e combater os grupos terroristas palestinos.
Mazen disse que o controle de Arafat das forças de segurança, as ações israelenses contra os grupos terroristas e o fracasso de Washington em conter Israel o impossibilitaram de atacar o terror.
Arafat apontou Mazen, seu antigo aliado e número 2 na OLP, como premiê em abril, após intensa pressão internacional para que ele cedesse poder e por reformas descentralizadoras na ANP.
Israel rechaça negociar com um premiê submisso a Arafat, dizendo que o líder da ANP usa o terror como arma política. Ele nega.
Para alguns líderes israelenses, a demissão de Mazen reforçaria a necessidade de expulsar Arafat dos territórios palestinos para que um novo governo tivesse mais liberdade de ação.
"Acho que a expulsão de Arafat é um resultado inevitável após anos de envolvimento com o terrorismo", disse o chanceler Silvan Shalom. Ele afirmou que qualquer decisão a respeito terá de esperar um "debate estratégico" do gabinete, mas não falou em datas.
Analistas crêem que a expulsão de Arafat, confinado por Israel em seu quartel-general em Ramallah há meses, pode aumentar sua popularidade e gerar uma grande campanha terrorista.
Mazen voltou a dizer ontem que sua renúncia é final, embora políticos e analistas tenham afirmado que poderia ser uma tática para que ele voltasse com mais poderes em sua disputa com Arafat, o mais popular líder palestino.



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