|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Agência nuclear da ONU nega aliviar pressões contra o Irã
Em fim de mandato, chefe da AIEA diz que Teerã ainda deve explicações e aponta ingerência do Ocidente
DA REDAÇÃO
O diretor-geral da Agência
Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed El Baradei, negou ontem estar ocultando supostas provas de que o
programa nuclear iraniano visa
a fabricação da bomba atômica.
A controvérsia, que surge semanas antes de El Baradei deixar o cargo, traduz a dificuldade
de distinguir as avaliações técnicas das pressões políticas envolvendo o enriquecimento de
urânio nas centrais iranianas.
Discursando diante dos 35
embaixadores da mesa diretora
da AIEA, El Baradei se disse
"consternado" pelas acusações
de França e Israel de que teria
omitido, no último relatório da
agência, publicado há duas semanas, dados comprometedores contra o Irã obtidos por serviços secretos ocidentais.
O documento da AIEA, qualificado ontem por Paris de "incompleto", diz que Teerã diminuiu sua produção de urânio
enriquecido e vem cooperando
de forma mais efetiva com o
monitoramento de suas centrais nucleares.
É a primeira vez que o governo do Irã freia a produção de
suas centrais desde 2002,
quando dissidentes revelaram
à AIEA atividades nucleares
não declaradas. Cerca de 4.500
centrífugas estão em atividade
no país, contra 5.000 em junho.
Não está claro se a queda resulta da pressão externa ou de causas técnicas.
O egípcio El Baradei admitiu
que ainda há suspeitas de atividade militar. Mas segundo ele,
países estão se imiscuindo no
trabalho da agência e pressionando pela inclusão de dados
não comprovados com o intuito de comprometer o Irã e facilitar a adoção de novas sanções.
Neste mês vence o prazo estabelecido pelos EUA para que
Teerã retome o diálogo visando
o fim de seu programa nuclear
sob pena de medidas punitivas.
Teerã alega ter direito de
enriquecer urânio para produzir energia -o que pode fazer,
desde que em cooperação com
a AIEA. O presidente Mahmoud Ahmadinejad reiterou
ontem que não suspenderá o
enriquecimento de urânio no
Irã. "É um assunto encerrado",
disse o presidente.
As acusações de que El Baradei seria brando demais com o
Irã aumentam às vésperas de
sua saída do cargo -ele será
substituído em dezembro pelo
japonês Yukiya Amano, tido
como mais linha-dura. El Baradei ficou 12 anos à frente da
agência da ONU encarregada
de monitorar as atividades nucleares civis e militares e não
quis se candidatar a um quarto
mandato consecutivo.
Com agências internacionais
Texto Anterior: Saiba mais: Plano motivou mais segurança em aeroportos Próximo Texto: Israel oficializa nova expansão na Cisjordânia Índice
|