São Paulo, terça-feira, 08 de setembro de 2009

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Agência nuclear da ONU nega aliviar pressões contra o Irã

Em fim de mandato, chefe da AIEA diz que Teerã ainda deve explicações e aponta ingerência do Ocidente

DA REDAÇÃO

O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed El Baradei, negou ontem estar ocultando supostas provas de que o programa nuclear iraniano visa a fabricação da bomba atômica.
A controvérsia, que surge semanas antes de El Baradei deixar o cargo, traduz a dificuldade de distinguir as avaliações técnicas das pressões políticas envolvendo o enriquecimento de urânio nas centrais iranianas.
Discursando diante dos 35 embaixadores da mesa diretora da AIEA, El Baradei se disse "consternado" pelas acusações de França e Israel de que teria omitido, no último relatório da agência, publicado há duas semanas, dados comprometedores contra o Irã obtidos por serviços secretos ocidentais.
O documento da AIEA, qualificado ontem por Paris de "incompleto", diz que Teerã diminuiu sua produção de urânio enriquecido e vem cooperando de forma mais efetiva com o monitoramento de suas centrais nucleares.
É a primeira vez que o governo do Irã freia a produção de suas centrais desde 2002, quando dissidentes revelaram à AIEA atividades nucleares não declaradas. Cerca de 4.500 centrífugas estão em atividade no país, contra 5.000 em junho. Não está claro se a queda resulta da pressão externa ou de causas técnicas.
O egípcio El Baradei admitiu que ainda há suspeitas de atividade militar. Mas segundo ele, países estão se imiscuindo no trabalho da agência e pressionando pela inclusão de dados não comprovados com o intuito de comprometer o Irã e facilitar a adoção de novas sanções.
Neste mês vence o prazo estabelecido pelos EUA para que Teerã retome o diálogo visando o fim de seu programa nuclear sob pena de medidas punitivas.
Teerã alega ter direito de enriquecer urânio para produzir energia -o que pode fazer, desde que em cooperação com a AIEA. O presidente Mahmoud Ahmadinejad reiterou ontem que não suspenderá o enriquecimento de urânio no Irã. "É um assunto encerrado", disse o presidente.
As acusações de que El Baradei seria brando demais com o Irã aumentam às vésperas de sua saída do cargo -ele será substituído em dezembro pelo japonês Yukiya Amano, tido como mais linha-dura. El Baradei ficou 12 anos à frente da agência da ONU encarregada de monitorar as atividades nucleares civis e militares e não quis se candidatar a um quarto mandato consecutivo.

Com agências internacionais



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