São Paulo, quinta-feira, 09 de janeiro de 2003

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Bancários anunciam paralisação total de dois dias

DA REDAÇÃO

A principal associação de bancários da Venezuela anunciou ontem a paralisação total de seus serviços por dois dias, a partir de hoje. O gesto é um apoio à greve geral iniciada no dia 2 de dezembro para pressionar o presidente Hugo Chávez a aceitar um referendo sobre seu mandato. Até agora, os bancos vinham abrindo apenas três horas por dia.
O fechamento total dos bancos deve causar ainda mais contratempos à população venezuelana, que já enfrenta desabastecimento de gasolina e de alimentos.
A paralisação vem afetando significativamente a indústria petrolífera, responsável por 80% das exportações do país. Segundo o governo, a queda nas exportações vem provocando um prejuízo diário de US$ 50 milhões.
Grandes filas se formaram nas agências bancárias logo após o anúncio da greve. "É uma loucura. As pessoas têm necessidades nesses dois dias e precisam de dinheiro", afirmou o assessor administrativo Mauro Rodríguez, 30.

Polícia reprime chavistas
Líderes da oposição desistiram ontem de realizar uma passeata até a sede do CNE (Conselho Nacional Eleitoral), em Caracas, após centenas de chavistas terem se concentrado na frente do órgão. Os chavistas tentaram invadir o local, mas foram dispersados com bombas de gás lacrimogêneo pela polícia.
O conselho prepara um referendo não-obrigatório sobre o mandato de Chávez, que termina em 2007, para o dia 2 de fevereiro, apesar de a Justiça ter se pronunciado contra a votação.
O governo também é contrário ao referendo e defende uma consulta, obrigatória, para agosto, como prevê a Constituição do país. A Suprema Corte ainda deve decidir sobre a legalidade da votação no dia 2 de fevereiro.
Chávez, que sobreviveu a um golpe de Estado em abril, quando foi afastado do cargo por dois dias, diz que a atual greve geral é uma nova tentativa de golpe. Ele prometeu derrotar os grevistas e ameaçou prender quem seguir o pedido da oposição para não pagar mais impostos.
"Assim como estamos firmemente confrontando e derrotando a sabotagem petroleira, não permitiremos aos sabotadores colocar suas mãos no dinheiro dos venezuelanos", afirmou ele anteontem.
O governo anunciou ontem formalmente a divisão operacional da PDVSA, a gigante estatal de petróleo, em duas, numa tentativa de furar a greve na companhia. Também devem ser demitidos 7.000 dos 40 mil funcionários, a maioria em Caracas, onde a oposição a Chávez é mais forte.


Com agências internacionais


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