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EUA sabiam que Exército colombiano matava civis
Documentos oficiais afirmam que assassinatos eram conhecidos desde 1994
Ex-embaixador afirma que Washington não tinha como intervir; para ministro da Defesa colombiano, não se deve "inflar problema"
DA REDAÇÃO
A CIA e diplomatas de alto
escalão dos Estados Unidos sabiam desde 1994 que as forças
de segurança colombianas operavam como esquadrão da
morte, cooperavam com grupos paramilitares de tráfico de
drogas e estimulavam a política
dos "falsos positivos" -o assassinato de civis inocentes para
inflar o número de baixas inimigas obtidas pelos militares.
As informações estão em documentos oficiais tornados públicos ontem na internet pela
ONG National Security Archive, da Universidade George
Washington, nos EUA.
"Nós sabíamos. Não sabíamos de todos os detalhes, mas
quando falávamos com os militares sobre esses rumores, eles
os negavam ruidosamente", declarou o ex-embaixador norte-americano em Bogotá Myles
Frechette a uma rádio da capital colombiana.
"Nessa época, 1994, a ajuda
militar [à Colômbia] foi quase
proibida pelo Congresso americano por causa das violações
dos direitos humanos nos anos
anteriores, e o foco da ajuda era
para combater o narcotráfico."
"Não tínhamos muito a dar
ao Exército", continuou Frechette, dizendo que, por isso,
"não tínhamos como exigir que
nos informassem nem cortar
ajuda militar, porque não havia
dinheiro envolvido". Ainda assim, segundo o ex-embaixador,
a situação foi denunciada ao
então presidente colombiano,
Ernesto Samper (1994-1998).
Defesa
Ao comentar a divulgação
dos documentos, o atual ministro da Defesa da Colômbia,
Juan Manuel Santos, afirmou
que é preciso "ter cuidado com
quem quer inflar o problema
além do que realmente é".
O ministro não fez comentários sobre o conteúdo dos documentos, mas defendeu as políticas de defesa dos direitos humanos do governo do presidente Álvaro Uribe.
Santos afirmou haver "tolerância zero com qualquer violação dos direitos humanos" e
que "não há Exército em todo o
mundo que tenha tido mais
treinamento, mais capacitação
em matéria de direitos humanos [que o colombiano]". "O
Estado e a Justiça estão diante
desse problema. Nosso objetivo, neste ano de 2009, é que nenhum culpado fique impune."
Investigação
Os registros jogam luz sobre
uma prática -cuja investigação
foi iniciada em outubro pelo
governo colombiano- que influenciou o comportamento de
comandantes militares durante anos e que acabou levando a
execuções extrajudiciais.
Em setembro do ano passado, os corpos de pelo menos 19
jovens foram encontrados num
cemitério no norte da Colômbia. A versão do Exército foi de
que eles haviam sido mortos
em combate, após serem aliciados ou sequestrados por grupos
narcotraficantes. Mas surgiram suspeitas pelo fato de os jovens terem morrido apenas um
ou dois dias após as notificações de desaparecimento.
O comandante do Exército
colombiano, general Mario
Montoya -ponte entre o Pentágono e as Forças Armadas da
Colômbia- renunciou ao cargo, pressionado pela repercussão do escândalo.
Montoya estimulou por muito tempo a ideia de usar a contagem de corpos para medir o
progresso do Exército na luta
contra as guerrilhas. Os militares recebiam bonificações pelo
sucesso das operações.
Com agências internacionais
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