São Paulo, sexta-feira, 09 de janeiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Rússia promete normalizar fluxo de gás

Acordo prevê que UE monitore gasodutos da Ucrânia, acusada de desviar exportações russas para a Europa

DA REDAÇÃO

Monitores europeus devem assumir hoje o controle do fluxo de gás nos dutos ucranianos, por onde passam 80% das exportações russas para o continente, anunciou a presidência da União Europeia. Com a presença dos observadores, Moscou promete normalizar o envio de gás para a Europa.
A Rússia paralisou anteontem o abastecimento do continente via território ucraniano, sob alegação de que Kiev desviava o gás destinado à Europa desde 1º de janeiro, quando a estatal russa Gazprom suspendeu o fornecimento do produto para o mercado ucraniano, em meio a um impasse comercial.
Os cortes afetaram 18 países. Apesar do aumento das exportações via Belarus e Turquia, a queda do fluxo de gás para a Europa, que compra da Gazprom um quarto do gás que consome, chegou ontem a 50%. O desabastecimento paralisou fábricas no Leste Europeu. Na Bulgária, escolas foram fechadas, e milhares de casas estão sem aquecimento central.
"É inaceitável para a UE ver seus cidadãos e empresas sofrerem as consequências [do atrito entre Kiev e Moscou]", afirma nota do bloco, que acusa os países de descumprirem contratos e cobra mais empenho em resolver a crise.
A tensão política entre Rússia e Ucrânia alimenta a disputa entre suas estatais energéticas. O gás russo é vendido à Ucrânia a preços abaixo dos de mercado, mas Moscou passou a questionar os subsídios desde a ruptura com Kiev, após a Revolução Laranja, em 2004. Com a crise econômica, a queda no faturamento da Gazprom renovou o ímpeto russo de pôr fim à tarifa preferencial.
"Os contribuintes russos não têm de se sacrificar para manter viva a produção [industrial] ucraniana", disse ontem o porta-voz da Presidência, Dmitri Peskov. Para Dmitri Trenin, diretor do Carnegie Center em Moscou, as antigas concessões da Gazprom à Ucrânia, aspirante a membro da Otan (Organização do Tratado Atlântico Norte), são injustificáveis.
As negociações entre a Gazprom e Kiev chegaram a um impasse no final de 2008, quando a Ucrânia rejeitou o aumento de 40% no preço do gás e exigiu receber mais pelo uso dos dutos. Kiev pede também o fim do monopólio da transportadora RosUkrEnergo e questiona dívidas cobradas por Moscou, que atribui à empresa.
Sem consenso, a Gazprom retirou a oferta inicial e propõe agora aumento de 140%. Kiev também retirou sua oferta máxima e insiste na manutenção da tarifa preferencial, herança da relação histórica entre os países da ex-União Soviética.


Com agências internacionais


Texto Anterior: EUA sabiam que Exército colombiano matava civis
Próximo Texto: Guerra sem fim: Presidente afegão acusa tropas dos EUA de matarem 17 civis
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.