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Rússia promete normalizar fluxo de gás
Acordo prevê que UE monitore gasodutos da Ucrânia, acusada de desviar exportações russas para a Europa
DA REDAÇÃO
Monitores europeus devem
assumir hoje o controle do fluxo de gás nos dutos ucranianos,
por onde passam 80% das exportações russas para o continente, anunciou a presidência
da União Europeia. Com a presença dos observadores, Moscou promete normalizar o envio de gás para a Europa.
A Rússia paralisou anteontem o abastecimento do continente via território ucraniano,
sob alegação de que Kiev desviava o gás destinado à Europa
desde 1º de janeiro, quando a
estatal russa Gazprom suspendeu o fornecimento do produto
para o mercado ucraniano, em
meio a um impasse comercial.
Os cortes afetaram 18 países.
Apesar do aumento das exportações via Belarus e Turquia, a
queda do fluxo de gás para a Europa, que compra da Gazprom
um quarto do gás que consome,
chegou ontem a 50%. O desabastecimento paralisou fábricas no Leste Europeu. Na Bulgária, escolas foram fechadas, e
milhares de casas estão sem
aquecimento central.
"É inaceitável para a UE ver
seus cidadãos e empresas sofrerem as consequências [do
atrito entre Kiev e Moscou]",
afirma nota do bloco, que acusa
os países de descumprirem
contratos e cobra mais empenho em resolver a crise.
A tensão política entre Rússia e Ucrânia alimenta a disputa entre suas estatais energéticas. O gás russo é vendido à
Ucrânia a preços abaixo dos de
mercado, mas Moscou passou a
questionar os subsídios desde a
ruptura com Kiev, após a Revolução Laranja, em 2004. Com a
crise econômica, a queda no faturamento da Gazprom renovou o ímpeto russo de pôr fim à
tarifa preferencial.
"Os contribuintes russos não
têm de se sacrificar para manter viva a produção [industrial]
ucraniana", disse ontem o porta-voz da Presidência, Dmitri
Peskov. Para Dmitri Trenin, diretor do Carnegie Center em
Moscou, as antigas concessões
da Gazprom à Ucrânia, aspirante a membro da Otan (Organização do Tratado Atlântico
Norte), são injustificáveis.
As negociações entre a Gazprom e Kiev chegaram a um
impasse no final de 2008,
quando a Ucrânia rejeitou o aumento de 40% no preço do gás e
exigiu receber mais pelo uso
dos dutos. Kiev pede também o
fim do monopólio da transportadora RosUkrEnergo e questiona dívidas cobradas por
Moscou, que atribui à empresa.
Sem consenso, a Gazprom
retirou a oferta inicial e propõe
agora aumento de 140%. Kiev
também retirou sua oferta máxima e insiste na manutenção
da tarifa preferencial, herança
da relação histórica entre os
países da ex-União Soviética.
Com agências internacionais
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