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Último ditador da Argentina é detido
Reynaldo Bignone responde por violações de direitos humanos, seqüestro e apologia da violência
BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES
Foi detido ontem o ex-presidente argentino Reynaldo Bignone, 79, o último da ditadura
militar, encerrada em 1983. A
ordem de prisão saiu de processo em que o ex-ditador é acusado de violações aos direitos humanos praticadas no Campo de
Mayo, onde funcionava um
centro de detenção clandestino
durante o regime.
Ontem, por ordem de um juiz
federal, Bignone foi levado justamente para o instituto carcerário do Campo de Mayo. Por
causa de sua idade, entretanto,
deve ser beneficiado pelo direito à prisão domiciliar.
O ex-presidente estava em liberdade desde 2005, quando
foi solto após sete anos de prisão sem condenação definitiva.
Ele também é processado pelo
seqüestro de seis bebês nascidos em cativeiro ilegal e por
apologia ao crime.
No ano passado, o ex-ditador
reapareceu para apoiar uma
marcha da Comissão de Homenagem Permanente aos Mortos
pela Subversão, formada por
familiares de militares mortos
por guerrilheiros e por figuras
políticas da extrema direita.
Bignone publicou um artigo
no site da entidade de extrema
direita Argentinos pela Memória Completa em que pedia aos
jovens que terminassem "o que
nós [os militares] não conseguimos fazer".
O ex-ditador também deu
declarações de que "o roubo de
bebês [crime pelo qual ele mesmo é processado] é uma invenção". Com base no artigo e nas
declarações de Bignone, foi iniciado o processo por apologia e
incitação à violência.
Governando entre julho de
1982 e dezembro de 1983, Bignone fez a transição para o governo democrático do radical
Raúl Alfonsín. Nesse período,
ordenou a eliminação de registros e documentos sobre prisões, torturas, assassinatos de
desaparecidos e o paradeiro de
bebês nascidos em cativeiro.
As Avós da Praça de Maio formam uma entidade que pretende justamente encontrar e localizar os filhos de desaparecidos políticos, hoje adultos. Estela Carlotto, que preside a
ONG, teve a filha morta pela repressão e até hoje busca o neto,
que ficou sob o poder dos torturadores. De acordo com manifestações da Justiça argentina,
o "roubo" de bebês é um crime
contra a humanidade, o que o
torna imprescritível.
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