São Paulo, domingo, 09 de abril de 2000


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Prática sofre preconceito

da Agência Folha, em Porto Alegre

A mãe-de-santo Peggy de Iemanjá, 56, presidente da Congregação Africanista da Argentina, festeja a diminuição da resistência argentina às religiões de origem africana após o regime militar (1976-1983), mas lamenta a persistência do preconceito racial. "O argentino é muito racista. Isso faz com que seja difícil o estabelecimento de religiões negras."
Mesmo assim, entre terreiros de umbanda oficiais e extra-oficiais, Peggy estima a existência de 6.000 casas na Argentina. "Sei tudo o que há na Argentina. Tenho uma vida dedicada a isso. Meu terreiro existe desde 1979", afirmou.
De acordo com estimativa de Peggy, 200 clientes passam pela sua casa mensalmente.
"Nossa atividade, aqui em Buenos Aires, pode ser equiparada à de São Paulo. A diferença é que não temos divulgação. Nem todos assumem que frequentam os terreiros. Existe uma idéia de que trabalhamos com feitiçaria", diz.
Peggy lamenta a atitude dos poucos negros existentes no país. "É irônico, mas os negros que chegam aqui são todos católicos. As pessoas que frequentam a umbanda na Argentina são brancas, de todas as classes sociais."
Os frequentadores da umbanda na Argentina evitam expor suas crenças. O comerciante José Augustin Ferrera afirmou que as pessoas têm vergonha. Ele começou a frequentar terreiros após perder uma filha e ter sentido a necessidade de buscar respostas sobre a morte. "Gostaria de ser médium. Não deixo de ser católico, mas sei o quanto fui ajudado nos últimos sete anos", disse. (LG)


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