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Argélia deve reeleger líder hoje em pleito pro forma
Bouteflika, no cargo desde 99, concorre contra adversários nanicos dizendo ser único que pode conter violência extremista no país
DO "FINANCIAL TIMES"
Após promover reforma
constitucional no ano passado
para abolir a limitação de cada
presidente a um máximo de
dois mandatos consecutivos,
Abdel Aziz Bouteflika, 72, presidente da Argélia desde 1999,
disputa hoje a reeleição contra
cinco candidatos escolhidos a
dedo para uma disputa onde só
ele tem chance de vitória.
Em Argel, grandes retratos
de Bouteflika ocupam os outdoors e as laterais dos edifícios.
Empresas como concessionárias de automóveis e floriculturas anunciam seu apoio.
"A campanha é só uma maneira de fingir que existe movimento, mas de modo que permita que a situação atual persista", disse Karim Tabou, líder
da Frente das Forças Socialistas, de oposição. Seu partido
prega boicote à eleição. "Tudo
isso está sendo feito para justificar os resultados que serão
anunciados na sexta."
Apoiado pelos poderosos líderes militares argelinos, que o
conduziram originalmente ao
poder, há pouca dúvida de que
Bouteflika seguirá no cargo.
Seus partidários argumentam que a Argélia precisa de
continuidade a fim de consolidar sua recuperação depois dos
conflitos civis dos anos 90, que
custaram a vida de 200 mil pessoas. Os críticos, no entanto,
alegam que ele monopolizou o
poder, marginalizou o Legislativo e os partidos políticos e não
fez o suficiente para promover
a abertura da economia.
"Acredito que não haja alternativa a Bouteflika", diz Hamid
Lounici, que trabalha na campanha. "Caso ele se vá, a violência retornará à Argélia. E o terrorismo continua aqui."
Uma das principais bases da
plataforma de reeleição do presidente é a de que ele restaurou
a paz. A anistia que ofereceu
aos militantes islâmicos convenceu milhares a abandonar
as armas. A segurança foi em
larga medida restaurada, mesmo que continuem a existir
atos esporádicos de violência.
O histórico econômico de
Bouteflika, porém, é visto como
pouco convincente. O FMI
(Fundo Monetário Internacional) aponta que "o desemprego
entre os jovens continua alto, a
economia depende pesadamente das exportações de hidrocarbonetos, e o clima para
os negócios é desfavorável se
comparado aos dos parceiros
comerciais do país".
Os investidores estrangeiros
dizem que a Argélia se inclinou
ao nacionalismo econômico
nos últimos 18 meses, depois de
anos de tentativas de encorajar
o investimento estrangeiro.
No ano passado, depois de
Bouteflika declarar que alguns
investidores estrangeiros trabalhavam apenas em defesa de
seus interesses, a Argélia decretou que assumiria participação
majoritária em todos os novos
investimentos e teria opção de
compra sempre que um investidor colocasse uma companhia à venda.
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