São Paulo, quinta-feira, 09 de abril de 2009

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Argélia deve reeleger líder hoje em pleito pro forma

Bouteflika, no cargo desde 99, concorre contra adversários nanicos dizendo ser único que pode conter violência extremista no país

DO "FINANCIAL TIMES"

Após promover reforma constitucional no ano passado para abolir a limitação de cada presidente a um máximo de dois mandatos consecutivos, Abdel Aziz Bouteflika, 72, presidente da Argélia desde 1999, disputa hoje a reeleição contra cinco candidatos escolhidos a dedo para uma disputa onde só ele tem chance de vitória.
Em Argel, grandes retratos de Bouteflika ocupam os outdoors e as laterais dos edifícios. Empresas como concessionárias de automóveis e floriculturas anunciam seu apoio.
"A campanha é só uma maneira de fingir que existe movimento, mas de modo que permita que a situação atual persista", disse Karim Tabou, líder da Frente das Forças Socialistas, de oposição. Seu partido prega boicote à eleição. "Tudo isso está sendo feito para justificar os resultados que serão anunciados na sexta."
Apoiado pelos poderosos líderes militares argelinos, que o conduziram originalmente ao poder, há pouca dúvida de que Bouteflika seguirá no cargo.
Seus partidários argumentam que a Argélia precisa de continuidade a fim de consolidar sua recuperação depois dos conflitos civis dos anos 90, que custaram a vida de 200 mil pessoas. Os críticos, no entanto, alegam que ele monopolizou o poder, marginalizou o Legislativo e os partidos políticos e não fez o suficiente para promover a abertura da economia.
"Acredito que não haja alternativa a Bouteflika", diz Hamid Lounici, que trabalha na campanha. "Caso ele se vá, a violência retornará à Argélia. E o terrorismo continua aqui."
Uma das principais bases da plataforma de reeleição do presidente é a de que ele restaurou a paz. A anistia que ofereceu aos militantes islâmicos convenceu milhares a abandonar as armas. A segurança foi em larga medida restaurada, mesmo que continuem a existir atos esporádicos de violência.
O histórico econômico de Bouteflika, porém, é visto como pouco convincente. O FMI (Fundo Monetário Internacional) aponta que "o desemprego entre os jovens continua alto, a economia depende pesadamente das exportações de hidrocarbonetos, e o clima para os negócios é desfavorável se comparado aos dos parceiros comerciais do país".
Os investidores estrangeiros dizem que a Argélia se inclinou ao nacionalismo econômico nos últimos 18 meses, depois de anos de tentativas de encorajar o investimento estrangeiro.
No ano passado, depois de Bouteflika declarar que alguns investidores estrangeiros trabalhavam apenas em defesa de seus interesses, a Argélia decretou que assumiria participação majoritária em todos os novos investimentos e teria opção de compra sempre que um investidor colocasse uma companhia à venda.


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