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Prédios históricos cairão, diz Berlusconi
Premiê italiano promete reconstruir edifícios da região devastada por terremoto, sede de patrimônio artístico importante
País enterra mortos do tremor de segunda-feira; 17 mil desabrigados esperam para saber se e quando voltarão para suas casas
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A ÁQUILA (ITÁLIA)
Três dias depois do terremoto que devastou a região central
do país, a Itália começou ontem
a enterrar os seus mortos, que
chegaram a 272, enquanto tinha uma ideia mais clara dos
danos irreversíveis ao rico patrimônio histórico local.
Em visita a Áquila, uma das
cidades mais atingidas pelo tremor e que guarda dezenas de
construções de inestimável valor artístico e histórico, o premiê italiano, Silvio Berlusconi,
admitiu que muitas delas estão
condenadas e terão que cair para ser reerguidas.
"Áquila é uma cidade não só
ferida, mas em condições dramáticas, com edifícios de grande valor histórico destruídos",
disse Berlusconi. "Eles terão
que ser derrubados e reconstruídos pelo projeto original."
Mais de 10 mil construções
foram danificadas ou destruídas na região, segundo estimativas iniciais. Segundo Agostino Miozzo, da defesa civil, a reconstrução pode levar anos.
Berlusconi, que recusou ajuda humanitária internacional,
disse que outros países poderão
contribuir na restauração do
patrimônio histórico. A ideia
foi mencionada na conversa
que o premiê teve na terça-feira
com o presidente americano,
Barack Obama.
Nos últimos dias, equipes dos
bombeiros e da defesa civil tentaram reforçar as estruturas de
prédios históricos para evitar
que desabassem. Em muitos
casos, porém, os tremores secundários tornaram a tarefa
impossível -como na igreja
Santa Maria do Sufrágio, do século 18, cujo domo desmoronou em etapas, expondo detalhes que antes só se podia enxergar de seu interior.
"O nível de destruição chegou a um ponto em que é melhor remover partes inteiras da
igreja para tentar reaproveitá-las", disse à Folha o engenheiro
Ennio Schilachi, da defesa civil,
pouco depois de inspecionar o
domo de perto pendurado por
um guindaste.
Susto
Não é preciso mais do que
uma breve caminhada pelo
centro histórico de Áquila para
perceber que pouquíssimos
prédios escaparam ilesos.
"Achei que o terremoto havia
afetado somente as casas velhas quando olhei do helicóptero, mas agora estou vendo que
não há nenhuma casa inteira",
disse Berlusconi, que levou um
susto pouco antes de uma entrevista, quando um novo tremor sacudiu Áquila. Foi uma
das muitas réplicas ocorridas
desde o terremoto de segunda.
Após ser criticado por ter dito aos desabrigados que a experiência deveria ser vista como
"um camping de fim de semana", Berlusconi ontem anunciou que uma nova cidade será
erguida ao lado de Áquila. De
acordo com cálculos preliminares do governo, os prejuízos
chegam a US$1,6 bilhão.
Para as cerca de 17 mil pessoas abrigadas nos 31 acampamentos montados pela defesa
civil, além da perda de parentes
e amigos há a angústia para saber quando poderão voltar a
suas casas -se isso for possível.
"Saí só com a roupa do corpo
na noite do terremoto, e ninguém me diz até quando ficaremos aqui", queixou-se o mecânico aposentado Massimo, sentado numa das oito camas de
solteiro na barraca que habita
há três dias em um estádio.
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