|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EUROPA
Simulação do "Le Monde" sugere que o governo de centro-direita não será majoritário no Legislativo após as eleições de junho
Projeção dá maioria à esquerda na França
ALCINO LEITE NETO
DE PARIS
Projeções publicadas ontem pelo jornal "Le Monde" indicam que
a esquerda deve ganhar as eleições legislativas na França, alcançando 297 cadeiras na Assembléia
Nacional. O partido de extrema
direita Frente Nacional só deve
obter duas cadeiras, mas dará
bastante trabalho aos seus rivais,
segundo a simulação feita pelo
diário para a eleição de junho.
A direita, com 276 cadeiras, não
alcançaria a maioria parlamentar.
Assim, o presidente reeleito, Jacques Chirac (centro-direita), seria
obrigado a restabelecer a coabitação, escolhendo um primeiro-ministro de esquerda. Nos últimos
cinco anos de seu governo, Chirac
dividiu o poder com o socialista
Lionel Jospin, pois a esquerda era
a maioria na Assembléia.
O "Le Monde" calcula que a
Frente Nacional possa estar presente no segundo turno das legislativas em 237 dos 577 distritos
eleitorais. Nesses distritos, a presença de seu candidato criaria as
eleições "triangulares" com a esquerda e a direita. Na França, a
Constituição permite que a segunda fase das legislativas seja
disputada por três candidatos, caso ultrapassem 12,5% dos votos.
O jornal analisa a hipótese de
uma disputa entre a FN e um candidato de esquerda. Caso esse
candidato seja do Partido Comunista, mais de 50% dos votos da
direita tendem a ir para a extrema
direita. Se for do Partido Socialista, 40% podem ter igual opção.
O contrário não é verdadeiro.
Os votos da esquerda vão globalmente para a direita, se esta chegou ao segundo turno com a extrema direita, repetindo em escala
regional o que se passou nas eleições presidenciais. No último dia
5, Chirac venceu Le Pen com 82%
dos votos, graças ao apoio dos
partidos de esquerda.
Os principais partidos de direita
já se reuniram na União pela
Maioria Presidencial (UMP) para
enfrentarem juntos as eleições legislativas. O partido de Chirac, a
Reunião pela República (RPR), a
Democracia Liberal (DL) e a
União pela Democracia Francesa
(UDF) apresentariam candidaturas únicas.
Os socialistas continuam as negociações com o Partido Comunista (PCF), os Verdes e o Partido
Radical de Esquerda (PRG), a fim
de formar a "esquerda unida",
novo nome da antiga "esquerda
plural" que sustentou Jospin.
Os acertos iniciais prevêem que
o bloco de esquerda apoie os Verdes em até 50 circunscrições, o
RPG em 33 e os comunistas em
até 16, deixando os demais distritos para os socialistas.
Texto Anterior: Cardeal de Boston depõe em processo de pedofilia Próximo Texto: Panorâmica - Nepal: Conflitos entre rebeldes maoístas e forças do governo podem ter matado até cem Índice
|