São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

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EUROPA

Simulação do "Le Monde" sugere que o governo de centro-direita não será majoritário no Legislativo após as eleições de junho

Projeção dá maioria à esquerda na França

ALCINO LEITE NETO
DE PARIS

Projeções publicadas ontem pelo jornal "Le Monde" indicam que a esquerda deve ganhar as eleições legislativas na França, alcançando 297 cadeiras na Assembléia Nacional. O partido de extrema direita Frente Nacional só deve obter duas cadeiras, mas dará bastante trabalho aos seus rivais, segundo a simulação feita pelo diário para a eleição de junho.
A direita, com 276 cadeiras, não alcançaria a maioria parlamentar. Assim, o presidente reeleito, Jacques Chirac (centro-direita), seria obrigado a restabelecer a coabitação, escolhendo um primeiro-ministro de esquerda. Nos últimos cinco anos de seu governo, Chirac dividiu o poder com o socialista Lionel Jospin, pois a esquerda era a maioria na Assembléia.
O "Le Monde" calcula que a Frente Nacional possa estar presente no segundo turno das legislativas em 237 dos 577 distritos eleitorais. Nesses distritos, a presença de seu candidato criaria as eleições "triangulares" com a esquerda e a direita. Na França, a Constituição permite que a segunda fase das legislativas seja disputada por três candidatos, caso ultrapassem 12,5% dos votos.
O jornal analisa a hipótese de uma disputa entre a FN e um candidato de esquerda. Caso esse candidato seja do Partido Comunista, mais de 50% dos votos da direita tendem a ir para a extrema direita. Se for do Partido Socialista, 40% podem ter igual opção.
O contrário não é verdadeiro. Os votos da esquerda vão globalmente para a direita, se esta chegou ao segundo turno com a extrema direita, repetindo em escala regional o que se passou nas eleições presidenciais. No último dia 5, Chirac venceu Le Pen com 82% dos votos, graças ao apoio dos partidos de esquerda.
Os principais partidos de direita já se reuniram na União pela Maioria Presidencial (UMP) para enfrentarem juntos as eleições legislativas. O partido de Chirac, a Reunião pela República (RPR), a Democracia Liberal (DL) e a União pela Democracia Francesa (UDF) apresentariam candidaturas únicas.
Os socialistas continuam as negociações com o Partido Comunista (PCF), os Verdes e o Partido Radical de Esquerda (PRG), a fim de formar a "esquerda unida", novo nome da antiga "esquerda plural" que sustentou Jospin.
Os acertos iniciais prevêem que o bloco de esquerda apoie os Verdes em até 50 circunscrições, o RPG em 33 e os comunistas em até 16, deixando os demais distritos para os socialistas.



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