São Paulo, domingo, 09 de maio de 2004

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Expansão do golfe simboliza a desigualdade

DE PEQUIM

Talvez nada sintetize tão bem quanto o golfe a contradição entre a história comunista chinesa e a adesão dos ricos a um estilo de vida luxuoso.
Visto durante a Revolução Cultural (1966-76) como símbolo do colonialismo britânico e desperdício da escassa terra agricultável da China, os campos de golfe se espalharam rapidamente após 1984, data da abertura do primeiro clube depois da revolução de 1949.
A China tem hoje 176 campos de golfe e sua versão de Tiger Woods, Zhang Lianwei, que, em 2003, disputou pela primeira vez torneiros internacionais.
A rápida proliferação dos campos levou o governo a suspender a construção de novos clubes, com o objetivo de preservar terra para a agricultura e poupar água. Os clubes atuais ocupam 3.700 hectares e há dezenas de outros em construção.
Só em Pequim, há 19 clubes de golfe, alguns dos quais com títulos a US$ 50 mil. O Beijing Daxing Capital Golf Club é um dos mais exclusivos de Pequim e cobra US$ 40 mil por associação. Não-sócios podem jogar -pagam US$ 97 por jogo.
Harry Guo, diretor de marketing do Beijing Daxing, diz que o clube tem hoje 300 sócios, mas pretende chegar a 800. Segundo ele, a paixão pelo golfe foi trazida pelos estrangeiros e por chineses que moravam no exterior e voltaram a seu país após a abertura econômica.
Até há pouco tempo, os chineses eram minoria nos campos locais, mas a relação hoje se inverteu. A Associação de Golfe da China estima em 24 mil o número de chineses entre os praticantes de golfe, 58% do total de jogadores no país. (CT)


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