São Paulo, domingo, 09 de junho de 2002

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Partido de Le Pen deve perturbar no 2º turno

DE PARIS

A Frente Nacional (FN), partido de extrema direita, de Jean-Marie Le Pen, deve obter no máximo quatro cadeiras na Assembléia Nacional, mas vai perturbar bastante o segundo turno das eleições legislativas.
Para institutos de pesquisa, a FN pode chegar à segunda fase em 237 distritos eleitorais, complicando a disputa entre direita e esquerda. O número confirma o crescimento do partido na França, já demonstrado nas eleições para a Presidência. Nas eleições legislativas de 1997, a FN chegou ao segundo turno em 132 distritos e fez apenas um deputado no resultado final.
Le Pen, 74, espera muito mais. Ele acha que o seu partido poderá ter 350 candidatos para o segundo turno. "Nas eleições presidenciais, eu cheguei à frente em mais de 250 distritos, por consequência nós teremos duelos ou triangulares provavelmente em 350", disse.
Duelo é quando a disputa no segundo turno ocorre entre dois partidos apenas. As triangulares são eleições em que competem três candidatos -desde que eles tenham alcançado um total de votos equivalente a 12,5% dos número de eleitores inscritos.
A fim de ganhar terreno, Le Pen resolveu estender a mão à direita. Ele fez um apelo à UMP (União pela Maioria Parlamentar), bloco do presidente Jacques Chirac, para que revisse sua recusa de fazer acordo com a Frente Nacional, evocando uma "disciplina nacional contra a esquerda".
Chirac declarou que todo candidato da UMP que se coligar com a extrema direita será expulso do partido.
A UMP decidiu também que, para conter a extrema direita, ela só manterá seus candidatos nas triangulares caso eles tenham chegado em primeiro ou segundo lugar. Do contrário, retirarão a candidatura e apoiarão o candidato que se opõe a Le Pen.
Uma das principais razões atribuídas para o crescimento do número de votos da extrema direita no país é a crescente preocupação dos franceses com a segurança pública, tema capital da campanha de Le Pen.
Pesquisa do instituto Sofres divulgada recentemente revelou que o número de pessoas que compartilham das idéias de Le Pen tem crescido nos últimos anos. Em 1999, 11% dos franceses simpatizavam com o programa político do líder neofascista. Hoje, são 28%. "A força política que cresce no país é a Frente Nacional", disse Le Pen, em entrevista na sede de seu partido.
Ele anunciou que abriu um processo por difamação contra o jornal "Le Monde" devido a uma reportagem que o aponta como torturador na guerra de independência da Argélia (1954-1962).
O "Monde" publicou depoimentos de quatro argelinos que dizem reconhecer em Le Pen o homem que os torturou em 1957. O líder da FN, então tenente de regimento de pára-quedistas, participou durante a guerra de missões secretas das Forças Armadas francesas.


Com agências internacionais


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