São Paulo, terça-feira, 09 de julho de 2002

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AFEGANISTÃO

Caso pode não ser político

Estrangeiros ajudarão a inquirir morte de vice

DA REDAÇÃO

O comando da força internacional de segurança que atua no Afeganistão (Isaf) concordou ontem em participar da investigação do assassinato do vice-presidente Abdul Qadir, ocorrido no sábado, num momento em que ganha força a suspeita de que o crime tenha mais relação com disputas pessoais do que com um plano para minar o governo.
Diante do insuficiente avanço das investigações, a administração do presidente Hamid Karzai pediu à força internacional que ajudasse nos esforços de busca dos responsáveis pelo crime.
O comandante da Isaf, o general turco Hilmi Akin Zorlu, afirmou que uma força conjunta seria formada para auxiliar os afegãos. Essa força seria composta por membros da Isaf e por funcionários do Ministério da Justiça e do Ministério do Interior do Afeganistão.
"É vital que os autores desse crime sejam julgados o mais rápido possível, e a Isaf dará todo o apoio necessário para que isso ocorra", declarou Zorlu. Qadir foi morto (ao lado de seu genro) por dois atiradores. Ele deixava seu escritório no centro de Cabul. Os assassinos fugiram.
Qadir, que foi um comandante guerrilheiro durante o conflito contra os soviéticos (1979-1989), era o mais importante membro da etnia pashtu no governo (exceto o próprio Karzai).
Ele também era ministro de Obras Públicas e governador de Nangarhar, uma Província relativamente rica situada junto à fronteira com o Paquistão. Nangarhar também é um conhecido centro de comércio, de contrabando e de cultivo de papoula.
Por enquanto, nenhum sucessor foi nomeado para os três postos. No entanto um grupo de anciãos da Província de Nangarhar sugeriu ao governo afegão a nomeação do irmão mais velho de Qadir, Din Mohammed, para os cargos vagos.
Visto que os assassinos ainda não foram identificados, o impacto do assassinato sobre o frágil governo de Karzai, que só teve início no mês passado, depois da realização de uma Loya Jirga (grande assembléia), ainda não pode ser determinado.
Durante todo o dia de ontem, ganhou força a especulação de que o assassinato possa ter sido cometido a mando de barões da droga ou de chefes de guerra da própria região de Nangarhar, não por membros do Taleban ou da rede terrorista Al Qaeda.


Com agências internacionais


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