São Paulo, segunda-feira, 09 de julho de 2007

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Paquistão dá ultimato a rebeldes entrincheirados

Radicais, cercados há 7 dias em mesquita da capital, dizem preferir morte à rendição

Governo acusa seguidores de clérigo ligado à Al Qaeda de usar mulheres e crianças como escudos; mortos em confrontos sobem para 24

DA REDAÇÃO

O governo do Paquistão deu ontem um novo ultimato aos radicais muçulmanos entrincheirados desde a terça passada em uma mesquita da capital do país, Islamabad, com centenas de mulheres e crianças. Na madrugada de domingo, um oficial do Exército foi morto pelos radicais, elevando a 24 o número de vítimas nos confrontos.
De acordo com as autoridades paquistanesas, os radicais que resistem dentro na mesquita são militantes islâmicos muito bem treinados e armados e têm conexões com grupos terroristas conhecidos.
O ministro de Assuntos Religiosos, Mohammad Ejaz-ul-Haq, disse ontem que eles são "terroristas, militantes procurados dentro e fora do país".
O ultimato dado pelo Exército paquistanês, que desde terça-feira cerca o templo de Lal Masjid, conhecido como a Mesquita Vermelha, aumentou a expectativa de que os soldados se preparam para uma invasão, que poderia provocar um banho de sangue.
O líder dos rebeldes, o clérigo Abdul Rashid Ghazi, disse preferir o "martírio" à rendição.
Em um comunicado publicado ontem por jornais locais, Ghazi disse esperar que sua morte e a de seus seguidores provoquem uma revolução.
"Temos a firme crença em Deus de que nosso sangue levará a uma revolução", escreveu Ghazi.
No sábado o ditador do Paquistão, Pervez Musharraf, havia advertido os militantes de que eles tinham duas opções: "rendição ou morte".
Ontem, usando megafones, os militares que cercam a mesquita deram o ultimato aos radicais: "Este é nosso último aviso para que vocês se rendam".
Indagado se isso significava um ataque iminente, um porta-voz do governo paquistanês respondeu: "É possível. A última fase começou".
Segundo governo e Exército, o clérigo radical tem em torno de si entre 50 e 60 militantes -alguns de grupos ligados à rede terrorista Al Qaeda-, além de centenas de mulheres e crianças que estão sendo usadas como escudos humanos.
O clérigo nega a acusação e afirma contar com 1.800 militantes dentro da mesquita. Embora o número oficial de mortes não passe de 24, ele afirma que mais de 70 de seus seguidores foram mortos, o que foi desmentido pelo governo.
O clérigo Abdul Rashid Ghazi, 43, assumiu o comando da mesquita após a prisão de seu irmão, na semana passada. Em entrevista à BBC, ele descartou a rendição. "Prefiro lutar até a morte", disse Ghazi. "Islamabad se transformará em Bagdá se o governo atacar a Mesquita Vermelha e me matar."
O cerco teve início na última terça-feira depois de uma sangrenta troca de tiros entre as forças de segurança e os rebeldes, que deixou 19 mortos.
Os clérigos da Mesquita Vermelha, localizada em uma área residencial no coração da capital paquistanesa, vinham mantendo nos últimos meses uma guerra de nervos contra o governo, com uma campanha de moralização islâmica que incluiu o seqüestro de prostitutas e ameaças a lojas que vendem filmes e CDs de música.


Com agências internacionais


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