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Guerra no Iraque consome US$ 2 bilhões por semana
Levantamento é do Congresso dos EUA; boa parte acaba perdida em corrupção
Uma única firma americana tem 13 obras sob suspeita; gastos militares desde os atentados terroristas de 11 de setembro são de US$ 1 tri
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
A Guerra do Iraque já custa
aos norte-americanos US$ 2 bilhões por semana, ou cerca de
US$ 200 mil por minuto. É o
dobro do que quando completou um ano, em 2004, e 20%
mais do que no ano passado. O
número engorda os gastos militares gerais dos EUA, que somam US$ 1 trilhão desde o ataque de 11 de Setembro.
O levantamento foi feito pelo
Congressional Research Service, serviço apartidário de pesquisas do Capitólio subordinado à Biblioteca do Congresso
norte-americano, e contempla
ainda os gastos no Afeganistão
desde o início da guerra, em
2001, que subiram também
20% no último ano, passando
para US$ 370 milhões semanais. O Departamento de Defesa não divulga números oficiais, tidos como estratégicos.
No caso específico do Iraque,
o problema é que boa parte desse dinheiro não chega ao destino, conforme relatório do Sigir
(Office of the Special Inspector
General for Iraq Reconstruction) a que a Folha teve acesso.
A agência federal temporária
foi criada pelo Congresso para
investigar fraudes, desperdício
e mal-uso de fundos destinados
para a reconstrução daquele
país árabe.
O exemplo mais recente é o
da Parsons, empresa da Califórnia que ganhou concorrência de US$ 1 bi para construir
14 obras de infra-estrutura -o
sucateamento e destruição das
instalações iraquianas desde a
invasão norte-americana, em
2003, é a principal crítica à maneira como a administração de
George W. Bush vem conduzindo a guerra. Dessas 14 obras,
13 estão sob investigação.
O problema mais grave foi
encontrado na construção da
Academia de Polícia de Bagdá,
que o governo dos EUA pretendia tornar um símbolo do sucesso da colaboração entre os
dois países. A obra consumiu
US$ 75 milhões, teve o contrato supervisionado pelo Army
Corps of Engineers, o conselho
de engenheiros militares, ligado ao Pentágono, e foi entregue
no final de agosto. No dia da
inspeção final e às vésperas da
inauguração, foi interditada.
Chuva de fezes
Entre outros problemas, a
obra corria o risco de desabar
sobre os recrutas, por uma falha na estrutura. Além disso,
erros no projeto do encanamento faziam com que o alojamento dos estudantes recebesse chuva de fezes e urina a cada
vez que os banheiros eram utilizados. Resíduos de amianto,
substância cancerígena, foram
encontrados por toda parte.
"A Academia de Polícia de
Bagdá é um desastre", disse
Stuart Bowen, do Sigir, autor
do relatório de 27 páginas sobre
desmandos em diversas construções. "É o projeto de segurança civil mais importante para o país, e é um fracasso." A
descoberta causou protestos
tanto no Partido Republicano
quanto entre democratas.
"Não é só um desperdício do
dinheiro dos contribuintes",
disse o democrata Henry Waxman, da Câmara dos Representantes (deputados federais),
durante depoimento do proprietário da Parsons no Congresso. "Põe em risco todo o esforço no Iraque." Ao ser informado de que 13 dos 14 projetos
da empresa estavam sob suspeita, o republicano Tom Davis
disparou: "O que está acontecendo aqui?".
Earnest Robbins, vice-presidente da empresa, afirmou em
depoimento que parte do problema veio da contratação de
empresas iraquianas para ajudar nas obras, que ainda foram
prejudicadas por ataques da insurgência. Indagado sobre o caso específico do encanamento,
disse: "Tenho apenas algumas
suposições".
Outras empresas cujas obras
estão sendo investigadas são a
Bechtel e a KBR, antes conhecida como Kellogg Brown & Root
e subsidiária da Halliburton,
que já teve o vice-presidente
Dick Cheney no comando.
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