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UNIÃO EUROPÉIA
Washington pede a Berlim que intervenha
Admissão da Turquia "seria o fim da UE", diz autoridade européia
DA REDAÇÃO
A União Européia procurou
ontem distanciar-se dos comentários do ex-presidente francês
Valéry Giscard d'Estaing, que
chefia o órgão encarregado de elaborar o documento que servirá de
base para a futura Constituição
européia, de que a admissão da
Turquia "seria o fim da UE".
Em entrevista ao diário "Le
Monde", Giscard d'Estaing afirmou que a Turquia jamais cumpriria os critérios de adesão ao
bloco e que os governos dos 15
países-membros deveriam dizer
isso claramente aos turcos.
"A Turquia é um país importante para a Europa, mas não é
um país europeu. Sua capital não
é na Europa", disse Giscard d'Estaing. Em seguida, ele afirmou
que a adesão da Turquia à UE
causaria o "fim do bloco".
Jean-Christophe Filori, porta-voz da UE, declarou que a opinião
de Giscard d'Estaing não era
compartilhada pelos líderes do 15
países-membros, que, em 2001,
colocaram o ex-presidente francês à frente da Convenção sobre o
Futuro da Europa.
Esta tem como função elaborar
o texto que será usado nas negociações sobre a Constituição européia, que ocorrerão em Copenhague, em dezembro.
"A candidatura da Turquia não
foi questionada por nenhum chefe de Estado ou de governo dos
países da UE", declarou Filori.
Giscard d'Estaing disse ao diário francês que os líderes europeus deveriam deixar de utilizar
uma "linguagem ambígua" em
relação às possibilidades da Turquia de entrar na UE.
"Na realidade, a maioria dos
membros da UE já se pronunciaram negativamente [em relação à
adesão da Turquia], mas eles
nunca disseram isso aos turcos",
afirmou Giscard d'Estaing.
Por outro lado, em entrevista ao
diário espanhol "El País", o presidente da Comissão Européia, Romano Prodi, disse que "seria uma
tragédia considerar a religião um
fator de divisão" entre os países
europeus. De acordo com ele, "se
não houver diálogo [com a Turquia], haverá uma tragédia".
Ele afirmou também que a
"convivência entre diferentes religiões é a base do mundo moderno". A UE tem maioria cristã; a
Turquia, muçulmana.
Os comentários de Giscard
d'Estaing refletem a idéia -particularmente forte em partidos de
direita da Europa- de que a UE
deveria permanecer cristã e de
que admitir um país grande e de
maioria muçulmana só causaria
atritos e conflitos.
O presidente dos EUA, George
W. Bush, falou ontem com o
chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, e pediu-lhe que a
Alemanha interceda pela Turquia. Segundo a Casa Branca,
Washington quer que a UE "estenda a mão" aos turcos.
Os tratados da UE não mencionam a questão religiosa nas regras
que impõem aos países-membros. Em princípio, qualquer país
democrático e partidário da economia de mercado pode fazer
parte da UE.
Com agências internacionais
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